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domingo, 27 de janeiro de 2013

A origem da vida - filme (trecho)

 
- Eu queria saber se você está bem.
- Vamos deixar uma coisa bem clara. Nunca vou ficar bem. Certo? Sou um caso perdido. Uma aberração, como você. Não esquenta. Acho que ser uma aberração é meio legal.
- É?
- É melhor do que ser uma ovelha como o resto deles. Por que todo mundo quer ser como todo mundo?
 
*
 
Trailer do filme disponível no youtube:


sábado, 26 de janeiro de 2013

Para Roma com amor - Woody Allen (trecho).

 
"-Sim, ele é legal.
-Sexy, como você disse para a Sally.
-Ouça, é o vinho que vai falar. Ele não é uma pessoa emotiva. Não é um sofredor.
- O que há de tão bom em sofrer?
-Há algo de atraente num homem sensível às agonias da existência".
 
 
Trailer do filme no youtube:
 


N* 113 - Walter Benjamin


"Esquecemos há muito tempo o ritual sob o qual foi edificada a casa da nossa vida. Quando, porém, ela está para ser assaltada e as bombas inimigas já a atingem, que extenuadas, extravagantes antiguidades elas não poem a nu ali nos fundamentos! Quanta coisa não foi enterrada e sacrificada sob fórmulas mágicas, que apavorante gabinete de raridades há embaixo, onde, para o mais cotidiano, estão reservadas as valas mais profundas. Em uma noite de desespero eu me vi em um sonho re...novar tempestuosamente amizade e fraternidade com o primeiro companheiro de meu tempo de escola, que já há decênios não conheço mais e de que mesmo nesse instante mal me lembrava. Ao despertar, porém, ficou claro para mim: o que o desespero, como uma explosão, tinha exposto à luz do dia, era o cadáver desse homem, que estava emparedado lá, parecendo dizer: quem mora aqui agora não deve assemelhar-se a ele em nada" -
(Walter Benjamin. Rua de Mão Única. São Paulo: Brasiliense, 1987, p.12-3).



sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Água de beber - Tom Jobim

Hoje é aniversário do maestro & poeta Tom Jobim  (Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1927Nova Iorque, 8 de dezembro de 1994).

"Eu quis amar, mas tive medo
E quis salvar meu coração
Mas o amor sabe um segredo
O medo pode matar o seu coração
Água de beber
Água de beber camará
Água de beber
Água de beber camará
Eu nunca fiz coisa tão certa
Entrei pra escola do perdão
A minha casa vive aberta
Abri todas as portas do coração
Água de beber
Água de beber camará
Água de beber
Água de beber camará
Eu sempre tive uma certeza
Que só me deu desilusão
É que o amor é uma tristeza
Muita mágoa demais para um coração
Água de beber
Água de beber camará
Água de beber
Água de beber camará...".
*
Documentário e entrevista - Tom Jobim no bar Academia, disponível no youtube:


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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Maysa por Manuel Bandeira

Hoje completam 36 anos sem a diva (1936-1977)
*
"Um dia pensei um poema para Maysa
Maysa não é isso
Maysa não é aquilo
Como é então que Maysa me comove me sacode me buleversa me hipnotiza?
Muito simplesmente
Maysa não é isso mas Maysa tem aquilo
Maysa não é aquilo mas Maysa tem isto
Os olhos de Maysa são dois não sei quê dois não sei como diga dois Oceanos Não-Pacíficos
A boca de Maysa é isto isso e aquilo
Quem fala mais em Maysa a boca ou os olhos?
Os olhos e a boca de Maysa se entendem os olhos dizem uma coisa e a boca de Maysa se condói se contrai se contorce como a ostra viva em que se pingou uma gota de limão
A boca de Maysa escanteia e os olhos de Maysa ficam sérios
Meu Deus como os olhos de Maysa podem ser sérios e como a boca de Maysa pode ser amarga!
Boca da noite (mas de repente alvorece num sorriso infantil e nefano)”
Cacei imagens delirantes
Maysa podia não gostar
Cassei o poema.
Maysa reapareceu depois de longa ausência
Maysa emagreceu
Está melhor assim?
Nem melhor nem pior
Maysa não é um corpo
Maysa são dois olhos e uma boca
Essa é a Maysa da televisão
A Maysa que canta
A outra eu não conheço não
Não conheço de todo
Mas mando um beijo para ela"
*
Documentário Maysa em Maricá, produzido pela Tv Cultura disponível no youtube:




sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Balanço final - Simone de Beauvoir (II)

"Resumo em mim a herança terrestre e o estado do universo neste instante. Todo bom biógrafo sabe que, para que conheçam seu herói, ele deve inicialmente evocar a época, a civilização, a sciedade à qual aquele pertence - e também remontar o mais longe possível a cadeia de seus ascendentes. A soma de tais informações é, no entanto, ínfima se a confrontarmos com a inesgotável multiplicidade de relações que cada elemento de uma existência mantém com o Todo. Cada um tem, além disso, uma significação diferente, quer o consideremos sob um ponto de vista ou sob outro. Este fato: 'nasci em Paris' não representa a mesma coisa aos olhos de um parisiense, de um provinciano, de um estrangeiro. Sua aparente simplicidade se dispersa através dos milhões de indivíduos que mantêm relações diversas com a cidade de Paris.
E, no entanto, uma vida é também uma realidade finita. Tem um centro de interiorização, um eu que, através de todos os momentos, se coloca como idêntico (...). Não se pode captar e cingir uma vida como se capta e cinge uma coisa (...). Mas podemos fazer-nos algumas perguntas a seu respeito: como se faz uma vida? qual é nela a contribuição das circunstâncias, da necessidade, do acaso, das escolhas e das iniciativas do sujeito?"
(In. Balanço Final. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1972, p.10).