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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

When Love Is Not Enough: The Lois Wilson Story (trecho de filme)

"Nossos corações não precisam de lógica.
Eles podem amar, perdoar e aceitar o que nossas mentes não conseguem entender.
Corações entendem de maneiras que a mente não consegue" - Lois Wilson
Sobre o filme:
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Trailer:


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Picasso & Jaqueline

Pablo Picasso nasceu em Málaga, no dia 25 de outubro de 1881. Em homenagem ao aniversário deste grande pintor, reproduzimos uma reportagem da revista Veja sobre Jaqueline Roque, sua última esposa e grande amor, além de fotos do casal.
 

domingo, 21 de outubro de 2012

Mas inverossímil por que? - Dostoiévski

"Aliás, não afirmo que ela compreendesse tudo isto com nitidez; em compensação, compreendera inteiramente que eu era um homem vil e, sobretudo, incapaz de amá-la.
Sei que me dirão que isso é inverossímil; que é inverossímil ser tão malvado e estúpido como eu; acrescentarão talvez que era inverossímil não passar a amá-la ou, pelo menos, não avaliar aquele amor. Mas inverossímil por quê? Em primeiro lugar, eu não podia mais apaixonar-me, porque, repito, amar significava para mim tiranizar e dominar moralmente. Durante toda a vida, eu não podia sequer conceber em meu íntimo outro amor, e cheguei a tal ponto que, agora, chego a pensar por vezes que o amor consiste justamente no direito que o objeto amado voluntariamente nos concede de exercer tirania sobre ele. Mesmo nos meus devaneios subterrâneos, nunca pude conceber o amor senão como uma luta: começava sempre pelo ódio e terminava pela subjugação moral; depois não podia sequer imaginar o que fazer com o objeto subjugado. E o que há de inverossímil nisso, se eu já conseguira apodrecer moralmente a ponto de me desacostumar da "vida vida", e haver tido a idéia de censurar Liza, de envergonhá-la com o fato de ter vindo a minha casa ouvir "palavras piedosas"; mas eu mesmo não adivinhara que ela não viera absolutamente para ouvir palavras de piedade, mas para me amar, pois para a mulher é no amor que consiste toda a ressureição; toda a salvação de qualquer desgraça e toda a renegação não podem ser reveladas de outro modo. Aliás, eu não a odiava tanto assim quando corria pelo quarto e espiava pelo biombo, através de uma pequena fresta. Dava-me apenas um sentimento insuportavelmente penoso o fato de que ela estivesse ali. Queria que ela sumisse. Queria "tranquilidade", ficar sozinho no subsolo. A "vida viva", por falta de hábito, comprimira-me tanto que era difícil até respirar".
  (Dostoiévski. Memórias do subsolo. São Paulo: Editora 34, 2004, p. 141-2).

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A Melancolia por Marcilio Ficino


Black circle - Malevich
"Mas parece ser um princípio natural que em sua investigação das ciências, principalmente as mais complexas, a mente precisa afastar-se das coisas externas e aproximar-se das internas, indo, por assim dizer, da circunferência para o centro, e enquanto prossegue em sua contemplação deve permanecer solidamente no centro do próprio homem. Mas caminhar da circunferência para o centro e nele fixar-se é característica principal daquela região da mente com a qual a bílis negra tem afinidades especiais. Fixar-se no centro é como estar no centro da própria Terra, que se assemelha a bílis negra. Por isso a bílis negra provoca continuamente o espírito para que se dirija a esse ponto, reúna-se a si mesmo numa unidade, nele se detenha e contemple.
Cena do filme Melancolia - Lars Von Trier

E como se ele próprio é semelhante ao centro da terra, esse humor obriga a investigar o centro de todas as coisas singulares e leva à compreensão das verdades mais profundas, pois isto está de acordo com Saturno, o mais alto dos planetas".

(Marcilio Ficino. Book of life. Woodstock: Spring Publications, 1996, p.6. Citado por Berlinck. Melancolia: rastros de dor e de perda. São Paulo: Humanitas, 2008, p. 25).

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Vantagem? - Dostoiévski

"Mas, em primeiro lugar, quando foi que aconteceu ao homem, em todos estes milênios, agir unicamente em prol de sua própria vantagem? E que fazer então dos milhões de fatos que testemunham terem os homens, com conhecimento de causa, isto é, compreendendo plenamente as reais vantagens, relegando estas a um plano secundário e se atirando a um outro caminho, em busca do risco, ao acaso, sem seres obrigados a isto por nada e por ninguém, mas como que não desejando justamente o caminho indicado, e aberto a custo um outro, com teimosia, a seu bel-prazer, procurando quase nas trevas esse caminho árduo, absurdo? Quer dizer, realmente, que esta teimosia e a ação a seu bel-prazer lhes eram mais agradáveis que qualquer vantagem...A vantagem! Mas o que é a vantagem? Aceitais acaso a tarefa de determinar com absoluta precisão em que consiste a vantagem humana? E se porventura acontecer que a vantagem humana, alguma vez, não apenas pode, mas deve até consistir justamente em que, em certos casos, desejamos para nós mesmos o prejuízo e não a vantagem? E, se é assim, se pelo menos pode existir tal possibilidade, toda a regra fica reduzida a nada. O que achais? Acontecem tais casos?" -
(In. Memórias do subsolo. 5a ed. São Paulo: Editora 34, 2004, p.33).

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Os homens fazem a sua própria história... - Karl Marx


"Os homens fazem a sua própria história: contudo, não a fazem de livre e espontânea vontade, pois não são eles quem escolhem as circunstâncias sob as quais ela é feita, mas estas lhes foram transmitidas assim como encontraram. A tradição de todas as gerações passadas é como um pesadelo que comprime o cérebro dos vivos. E justamente quando parecem estar empenhados em transformar a si mesmos e as coisas, em criar algo nunca antes visto, exatamente nessas épocas de crise revolucionária, eles conjuram temerosamente a ajuda dos espíritos do passado, tomam emprestados os seus nomes, as suas palavras de ordem, o seu figurino, a fim de representar, com essa venerável roupagem tradicional e essa linguagem tomada de empréstimo, as novas cenas da história mundial. Assim, Lutero se disfarçou de apóstolo Paulo, a revolução de 1789-1814 se travestiu ora de República Romana ora de cesarismo romano, e a revolução de 1848 não descobriu nada melhor para fazer do que parodiar, de um lado, o ano de 1789 e, de outro, a tradição revolucionária de 1793-95. Do mesmo modo, uma pessoa que acabou de aprender uma língua nova costuma retraduzi-la o tempo todo para a sua língua materna; ela, porém, só conseguirá apropriar-se do espírito da nova língua e só será capaz de expressar-se livremente com a ajuda dela quando passar a se mover em seu âmbito sem reminiscências do passado e quando, em seu uso, esquecer a língua nativa".
(In: O 18 Brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Boitempo, 2011).