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terça-feira, 17 de outubro de 2023
Jennifer Zambra - por Alejandro Zambra
sexta-feira, 7 de abril de 2023
Uma sensualidade absoluta e fervorosa - D. H. Lawrence
(In. O amante de lady Chatterley. Rio de Janeiro: Antofágica: 2022, p. 383).
quinta-feira, 15 de julho de 2021
Zazie no metrô - Raymond Queneau
"- Então, por que é que você quer ser professora?
- Pra encher o saco das crianças - respondeu Zazie. - As crianças que tiverem a minha idade daqui a dez anos, vinte anos, cinquenta anos, cem anos, mil anos, sempre vai ter crianças para serem aporrinhadas.
(...)
- Sabia - disse Gabriel, com calma -, segundo os jornais, não é de jeito nenhum nessa direção que caminha a educação moderna. É totalmente o contrário. Vamos na direção da suavidade, da compreensão, da gentileza. Não é isso, Marceline, o que dizem no jornal?
- É - respondeu Marceline, suavemente. - Mas violentaram você na escola, Zazie?
- Queria ver eles tentarem.
- Além disso - disse Gabriel -, daqui a vinte anos não vai mais ter professoras: vão ser trocadas pelo cinema, pela tevê, pelos eletrônicos, essas coisas. Também estava escrito no jornal, outro dia. Não é, Marceline?
- É - respondeu Marceline, suavemente.
Zazie vislumbrou aquele futuro por um instante.
- Então - declarou - vou ser astronauta.
- Isso aí - disse Gabriel, aprovando. - Isso aí, é preciso viver de acordo om os tempos.
- É - continuou Zazie -, vou ser astronauta para encher o saco dos marcianos".
(In. Zazie no metrô. Raymond Queneau. São Paulo: Cosacnaify, 2009, pp. 20-21).
terça-feira, 13 de julho de 2021
Who are you? - Lina Meruane
(...)
"Enquanto lava os pratos e panelas e todos os copos sujos do dia, Zima diz ter compreendido com o tempo que sua família não havia traído: permanecer é continuar marcando a presença de uma cidadania palestina que os israelenses tentam negar (...). E que a condição de refugiados para os palestinos, e só para eles, para nós, é hereditária. É importante defender esta herança, não porque todos estejam sofrendo, mas porque foram deslocados por circunstâncias histórica. O que importa é não perder a possibilidade de retorno. Reivindicá-lo" - (pp. 86-87).
(In. Tornar-se Palestina. Lina Meruane. Minas Gerais: Relicário, 2019).
Mais sobre o livro:
https://www.quatrocincoum.com.br/br/resenhas/p/retornar-e-preciso
quarta-feira, 14 de abril de 2021
A lua e as fogueiras - Cesare Pavese
quinta-feira, 11 de março de 2021
A estrangeira - Claudia Durastanti
terça-feira, 13 de outubro de 2020
Morra, amor - Ariana Harwicz
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
O fascismo eterno - Umberto Eco
"1. A primeira característica de um Ur-Fascismo é o culto da tradição. O tradicionalismo é mais velho que o fascismo (...).
2. O tradicionalismo implica a recusa da modernidade (...)
3. O irracionalismo depende também do culto da ação pela ação. A ação é bela em si e, portanto, deve ser realizada antes de e sem nenhuma reflexão (...)
4. Nenhuma forma de sincretismo pode aceitar críticas. O espírito crítico opera distinções, e distinguir é um sinal de modernidade. Na cultura moderna, a comunidade científica percebe o desacordo como instrumento de avanço dos conhecimentos. Para o Ur-Fascismo, o desacordo é traição.
5. O desacordo é, além disso, um sinal de diversidade. O Ur-Fascismo cresce e busca o consenso utilizando e exacerbando o natural medo da diferença. O primeiro apelo de um movimento fascista ou que está se ornando fascista é contra os intrusos. O Ur-Fascismo é, portanto, racista por definição (...)
6. O Ur-Fascismo provém da frustração individual ou social. Isso explica por que uma das características típicas dos fascismos históricos tem sido o apelo às classes médias frustradas, desvalorizadas por alguma crise econômica ou humilhação política, assustadas pela pressão dos grupos sociais subalternos (...).
7. Para os que se veem privados de qualquer identidade social, o Ur-Fascismo diz que seu único privilégio é o mais comum de todos: ter nascido em um mesmo país. Esta é a origem do "nacionalismo". Além disso, os únicos que podem fornecer uma identidade às nações são os inimigos. Assim, na raiz da psicologia Ur-Fascista está a obsessão da conspiração, possivelmente internacional. Os seguidores têm que se sentir sitiados. O modo mais fácil fazer emergir uma conspiração é fazer apelo à xenofobia. Mas a conspiração tem que vir também do interior: os judeus são, em geral, o melhor objetivo porque oferecem a vantagem de estar, ao mesmo tempo, dentro e fora (...)
8. Os adeptos devem sentir-se humilhados pela riqueza ostensiva e pela força do inimigo (...)
9. Para o Ur-Fascismo, não há luta pela vida, mas antes "vida para a luta". Logo, o pacifismo é conluio com o inimigo; o pacifismo é mau porque a vida é uma guerra permanente (p.44-52).
(In. Umberto Eco. O Fascismo eterno. Rio de Janeiro: Record, 2020).
terça-feira, 25 de agosto de 2020
Seu paciente favorito - Violaine de Montclos
O que ela sussurra - Noemi Jaffe (trecho)
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"Não esperar nada é o que de melhor alguém pode fazer contra qualquer tipo de opressão e só assim fui capaz de sobreviver a tudo" - (p.57).
"Passei mais de vinte anos sussurrando; uma dedicação comparável à de quando ele ainda era vivo, talvez maior, e comparável à de quando ele ainda era vivo, talvez maior, e agora eu entendo que não foi só para proteger os poemas do esquecimento. Foi também para continuar perto dele e ele perto de mim, para que um amor que sempre foi físico e erótico - a noite todas as nossas discordâncias se dissolviam - tivesse uma continuidade também concreta, pela voz e pelo som. Todo poema que falo me faz sentir mais redonda, as sílabas se reunindo na boca, passando pela língua me fazem subitamente bonita, as palavras sendo sopradas pelos círculos de fumaça, que assopro a cada tragada, me transformam rápido numa coquete. É patético, mas ainda tenho uma intimidade, eu que me dediquei a apagá-la" - (p.80).
(In. O que ela sussurra. São Paulo: Companhia das Letras, 2020).
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Para saber mais sobre o livro: