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segunda-feira, 19 de março de 2012

A interpretação dos sonhos - Freud (trecho)

"Não se devem assemelhar os sonhos aos sons desregulados que saem de um instrumento musical atingido pelo golpe de alguma força externa, e não tocado pela mão de um instrumentista; eles não são destituídos de sentido, não são absurdos; não... implicam que uma parcela de nossa reserva de representações esteja adormecida enquanto outra começa a despertar. Pelo contrário, são fenômenos psíquicos de inteira validade - realizações de desejos; podem ser inseridos na cadeia dos atos mentais inteligíveis da vigília; são produzidos por uma atividade mental altamente complexa".
(Sigmund Freud. In: A interpretação dos sonhos. Rio de Janeiro: Imago, 2001 [1900], p.136).

quinta-feira, 15 de março de 2012

Caso V - Srta. Elisabeth von R. - Sigmund Freud (trecho)

"Sou da opinião, contudo, que quando um histérico cria uma expressão somática para uma idéia emocionalmente dolorida, através da simbolização, isso depende menos do que se poderia imaginar de fatores pessoais ou voluntários. Ao tomar uma expressão verbal ao pé da letra e sentir uma "punhalada no coração" ou uma "bofetada no rosto" após um comentário depreciativo vivido como fato real, o histérico não está tomando liberdades com as palavras, mas simplesmente revivendo mais uma vez as sensações que a expressão verbal deve sua justificativa (....). O que poderia ser mais provável do que a idéia de que a figura de linguagem "engolir alguma coisa", que empregamos ao falar de um insulto ao qual não foi apresentada nenhuma  réplica, origin ou-se na verdade das sensações inervatórias que surgem na faringe quando deixamos de falar e nos impedimos de reagir ao insulto? Todas essas sensações e inervações pertencem ao campo da "Expressão das Emoções", que, como nos ensinou Darwin [1872], consiste em ações que originalmente possuíam um significado e serviam a uma finalidade.
Em sua maior parte, estas podem ter-se enfraquecido tanto que sua expressão em palavras nos parece ser apenas um quadro figurativo delas, ao passo que, com toda probabilidade, essa decrição um dia foi tomada em seu sentido literal; e a histeria tem razão em restaurar o significado original das palavras ao retratar suas inervações inusitadamente fortes. Com efeito, talvez seja errado dizer que a histeria cria essas sensações através da simbolização. É possível que ela não tome em absoluto o uso da língua como seu modelo, mas que tanto a histeria quanto o uso da língua extraiam seu material de uma fonte comum".


quarta-feira, 14 de março de 2012

Janis Joplin por ela mesma - (trechos)

"Por que nenhum homem de quem eu goste gosta de mim? É por isso que eu canto blues. Porque os blues são a eterna canção da mulher sozinha, iludida, enganada, esperando..." (p..24).
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"Antes, as pessoas me diziam que eu era infeliz porque estava na adolescência, mas que um dia tudo ia ficar legal. E eu acreditava. Primeiro achava que quando o homem certo aparecesse, seria a hora, depois que quando eu pudesse trepar em paz..., depois que se eu conseguisse algum dinheiro etc. Até que um dia, sentada num bar, entendi de repente que nunca ia acontecer nada, que nunca ia ficar legal, que o tempo todo tem alguma coisa errada, sempre, só muda o problema. Não era um prazo de espera, era toda a minha vida"(p.101).
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"Não sei se estou sendo insensível se disser que o blues do negro é sempre baseado na falta de: ´Estou triste porque não tenho mulher, porque não tenho dinheiro, porque não tenho isso ou aquilo´. E não é o que está faltando que faz você infeliz, mas o desejo específico por alguma coisa que não pode conseguir. Não é o nada, o não-ter; é o querer" (p.101).
(In: Janis Joplin por ela mesma - Atanásio Cosme (org.). São Paulo: Martin Claret, 2004).

 



quinta-feira, 1 de março de 2012

Grandes Esperanças - filme (trecho)

"As coisas são ou não são de uma determinada maneira. A cor do dia. O toque da água salgada nas suas pernas queimadas.
Algumas vezes a água é amarela. Outras vermelha. Mas que cor fica na memória, isso depende do dia.
Não vou contar a história do jeito que aconteceu. Vou contar do jeito que eu me lembro".