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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Amor, poesia, sabedoria - Edgar Morin

 
 
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"Terminarei fornecendo à pesquisa sobre o amor a fórmula de Rimbaud, a da pesquisa de uma verdade que se situe, simultaneamente, numa alma e num corpo" .
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"A autenticidade do amor não consiste apenas em projetar nossa verdade sobre o outro e, finalmente, ver o outro exclusivamente segundo nossos olhos, mas sim de nos deixar contaminar pela verdade do outro".
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"A totalidade é a não-verdade" .
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"Mas o amor é paradoxal como a vida e, por isso, há amores que duram, do mesmo modo que dura uma vida".
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A queda - Albert Camus (trechos)


"Se os proxenetas e os ladrões fossem sempre condenados em toda parte, as pessoas de bem, meu caro senhor, julgar-se-iam todas e incessantemente inocentes. E, no meu entender - pronto, pronto já chega lá! - é, sobretudo isso que é preciso evitar".
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"Conheci um homem que deu vinte anos de sua vida a uma desmiolada, por quem tudo sacrificou, as amizades, o trabalho, a própria decência de sua vida, para uma noite conhecer que nunca a havia amado. Ele se entediava, nada mais. Entendia-se... como a maior parte das pessoas. Havia construído, peça por peça, uma vida de complicações e dramas. É preciso que algo aconteça, eis a explicação da maior parte dos compromissos humanos. É preciso que algo aconteça, mesmo a servidão sem amor, mesmo a guerra ou a morte. Vivam, pois, os enterros".
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"Talvez não amemos a vida o bastante. Já reparou que só a morte desperta nossos sentimentos? Como amamos os amigos que acabam de deixar-nos, não acha?! Como admiramos nossos mestres que já não falam mais, que estão com a boca cheia de terra...! A homenagem vem, então, muito naturalmente, essa mesma homenagem que talvez tivessem esperado de nós a vida inteira. Mas sabe por que somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos? A razão é simples. Em relação a eles, já não há obrigações. Deixam-nos livres, podemos dispor de nosso tempo, encaixar a homenagem entre o coquetel e uma doce amante: em resumo, nas horas vagas. Se nos impusessem algo, seria a memória, e nós temos a memória curta. Não, não é o morto recente que nós amamos em nossos amigos, o morto doloroso, nossa emoção, enfim, nós mesmos".
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"Fazia a guerra por meios pacíficos e obtinha, enfim, pelo desinteresse, tudo que cobiçava. Por exemplo, nunca me lamentava de terem esquecido a data de meu aniversário; as pessoas chegavam a se surpreender, com uma ligeira dose de admiração, de minha discrição no caso. Mas a razão de meu desinteresse era ainda mais discreta: eu desejava ser esquecido para poder lamentar-me disso a mim mesmo. Vários dias antes da data, entre todas gloriosa, que eu conhecia bem, ficava à espreita, atento para nada deixar escapar que pudesse despertar a atenção e a memória daqueles cuja falha eu contava (não tive um dia a intenção de alterar um calendário?). Uma vez bem demonstrada minha solidão, podia então entregar-me aos encantos de uma tristeza viril".
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"A libertinagem nada tem de frenético, ao contrário do que se pensa. É apenas um longo sono".
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"O ato de amor, por exemplo, é uma confissão. Aí o egoísmo grita, ostensivamente, aí a vaidade se exibe ou, então, aí se revela a verdadeira generosidade".
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"Para deixar de ser duvidoso, é preciso, pura e simplesmente, deixar de ser".
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"Sim, caro amigo, o casamento burguês colocou nosso país de chinelos e em breve vai leva-lo às portas da morte".
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"Cada homem é testemunha do crime de todos os outros, eis minha fé e minha esperança".
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"Que importa, afinal? As mentiras não conduzem finalmente ao caminho da verdade? E minhas histórias, verdadeiras ou falsas, não tendem todas ao mesmo fim, não têm o mesmo sentido? Que importa, então, que sejam verdadeiras ou falsas, se, em ...ambos os casos, são representativas do que fui e do que sou? Pode-se, às vezes, ver com mais clareza em quem mente do que em quem fala a verdade. A verdade, como a luz, cega. A mentira, ao contrário, é um belo crepúsculo, que valoriza cada objeto".
 
 
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