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terça-feira, 22 de novembro de 2011

O prisioneiro da passagem - Hugo Denizart (1982)


Realização: Hugo Denizart
Direção: Maria Alves de Lima
Produção: CNPI (Centro Nacional de Produção Independente)
Edição e montagem: Ricardo Miranda
Fotografia e câmera: John Howard Szerman
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Documentário curta sobre o sergipano ex marinheiro, pugilista, acidentado de trabalho pela Viação Excelsior (subsidiária da Light) e empregado doméstico, Arthur Bispo do Rosario, interno número 01662 daquele que chegou a ser o maior manicômio das Américas durante os anos 1960, a Colônia Juliano Moreira, no bairro de Jacarepaguá, Rio de Janeiro, sob o diagnóstico único de esquizofrênico paranóico, desde os seus presumíveis 29 anos de idade, em 25 de janeiro de 1939 (cinco anos depois do interno fugitivo Ernesto Nazareth ser encontrado morto por afogamento), até o seu infarto do miocárdio às dezenove horas do dia 5 de julho de 1989.
O legado de Bispo de mais de 1000 peças, entre bordados, estandartes, “assemblages”, roupas, esculturas, arquivos e anotações, começou a ser conhecido fora do manicômio a partir de uma reportagem do jornalista Samuel Wainer Filho para o programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, em 18 de maio de 1980, cuja pauta inicial era denunciar os maus tratos sofridos pelos internos psiquiátricos. Dois anos depois, foi convencido a permitir que algumas de suas peças saíssem do manicômio para integrarem a exposição coletiva “À margem da vida”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, junto com trabalhos praxiterapêuticos de presidiários, menores infratores, idosos e alguns outros pacientes psiquiátricos.
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Hugo Denizart “nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1946, e singularizou-se por unir a fotografia à sua experiência como psicanalista e psiquiatra, muito embora tenha tido um começo de carreira ortodoxo no campo da imagem por atuar como repórter fotográfico do Jornal do Brasil entre 1971 e 1973. Seu primeiro ensaio pessoal focalizou os moradores de rua do Ceará, em 1971. Concentrou-se depois na cidade do Rio de Janeiro, onde realizou significativos e distintivos ensaios sobre temas polêmicos e candentes como a Cidade de Deus (1978); os internos da colônia psiquiátrica Juliano Moreira (1980); as prostitutas de Vila Mimosa (1988); e os travestis da praça Tiradentes (1997). Publicou os livros de fotografia: Região dos Desejos (1983); Inventando Corpos (1987); Como Eles Dizem… (1991); e Engenharia Erótica (1998); assim como um livro de poesia e textos curtos intitulado Conto do Vigário (2003).” (Pedro Vasquez, “Memória das Artes”, Funarte: funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/acervo/infoto/biografia-de-hugo-denizart/ )
“Dirigiu os filmes documentários Líderes de quadrilha (1980); Prisioneiro da passagem (1982), sobre o artista Arthur Bispo do Rosário, interno da Colônia Juliano Moreira; e Região dos desejos (1983), sobre as internas da Colônia Juliano Moreira. Recebeu o prêmio de melhor exposição de fotografia da Associação Paulista de Críticos de Arte (1984).” (Coleção Pirelli/MASP de Fotografia: colecaopirellimasp.art.br/autores/115/obra/415 )

 Documentário disponível no link:

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Simone Beauvoir - Não se nasce mulher


“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, económico, define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino. Só a mediação de outrém pode constituir um indíviduo como outro.” (Beauvoir, 1987:13).

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sobre Frida Kahlo

Vídeo disponível no youtube com imagens reais de Frida Kahlo:

"Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón, terceira filha de Guilhermo e Matilde Kahlo, nasceu em 6 de julho de 1907, às oito e meia da manhã, em plena estação das chuvas de verão, quando o alto platô da Cidade do México fica abafado e úmido. Os primeiros dois nomes foram dados a Frida para que ela pudesse ser batizada com um nome cristão. Seu terceiro nome, o que a família usava, sognifica "paz" em alemão (embora em sua certidão de nascimento conste a grafia "Frida", o nome da pintora foi escrito com e - Frieda -, à moda alemã, até o final da década de 30, quando ela abandonou a letra por causa da ascensão do nazismo na Alemanha)".
(In: Frida: a biografia - Hayden Herrera. São Paulo: Globo, 2011. p.24). 

Documentário sobre Frida Kahlo

Parte I:

Parte II:

Parte III:

Parte IV:

Parte V:

Parte VI:


Asas do desejo - Wim Wenders

"Quando a criança era criança, era tempo dessas perguntas:
Por que eu sou eu e não você?
Por que estou aqui e por que não lá?
Quando começou o tempo e onde termina o espaço?
Será que a vida sob o sol nada mais é do que um sonho?
Será que o que vejo, escuto e cheiro não é apenas uma miragem do mundo anterior ao mundo?"
"Não quero pairar para sempre. Quero sentir um certo peso que ponha fim à falta de limite e me prenda ao chão".
"Algo aconteceu.
Ainda está acontecendo.
Foi verdade ontem à noite e é verdade agora, neste momento.
Quem foi quem?
Estive dentro dela, e ela, em volta de mim.
Quem nesse mundo pode dizer que já esteve unido a outro ser?
Eu estou unido.
Nenhuma criança mortal foi concebida, mas sim um quadro imortal compartilhado.
(...) Ela me levou para casa, e encontrei o meu lar.
Aconteceu uma vez.
Aconteceu uma vez, portanto vai acontecer.
A imagem que criamos me acompanhará quando eu morrer.
Terei vivido em seu interior.
Somente a estupefação com nós dois, a estupefação com o homem e a mulher, me tornou humano.
Eu...agora...sei... o que nenhum anjo sabe".
"Não existe história maior do que a nossa, a de um homem e uma mulher.
Será uma história de gigantes.
irreversível, contagiosa, uma história de novos ancestrais".
"Ontem à noite eu sonhei com um estranho...com o meu homem. Apenas com ele eu poderia ser solitária, me abrir totalmente.
Recebê-lo em mim como um ser inteiro.
Envolvê-lo num labirinto de felicidade compartilhada.
Eu sei que ele é você"
Mais sobre o filme no link:

Trailer:

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ocupa sampa - aula pública com Vladimir Safatle (Parte I I I)

"Nós entendemos o que vocês querem, o que vocês querem é legítimo".
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"Hoje ninguém em sã consciência é capaz de acreditar no capitalismo".
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"Nunca se penseou sem descrença. Quando se acredita demais em alguma coisa, você não tem razão de colocar em marcha a potência criativa do pensamento".
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"Confiar no indeterminado (...) confiar no impossível é um elemento fundamental para que os processos criativos ocorram".
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"Alguma coisa que possa ganhar uma dimensão maior do que todos nós...se nós acreditarmos nisso, é possível que isso ocorra. A possibilidade disso já vale uma vida".

Ocupa sampa - aula pública com Vladimir Safatle (Parte I I)

"Em certos momentos, calcular o menos pior é uma questão de sobrevivência".
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"As estruturas partidárias estão esvaziando o campo do político, é necessário reconduzir o campo do político a sua força produtiva".
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"Reconhecer que algo morreu, é o elemento fundamental para que algo novo possa aparecer".
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"Diga quem são seus inimigos que eu digo o que vocês são capazes de fazer".
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"Liberdade é um nome de um valor conflitual".

Ocupa sampa - aula pública com Vladimir Safatle (Parte I)

"Eu nunca entendi a dicotomia entre teoria e praxis, porque o pensamento, quando ele pensa de verdade, ele age" -  Heidegger, em "Cartas ao Humanismo", sendo citado por Vladimir Safatle, na Aula pública Universo Cidade Livre -Ocupa Sampa.
 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os ombros suportam o mundo - Carlos Drummond de Andrade

Uma pequena homenagem ao aniversário de 109 anos de um grande poeta.....

"O escolar", de Vicent Van Gogh.
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
 Pouco importa venha velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.