Pesquisar este blog

quinta-feira, 15 de março de 2012

Caso V - Srta. Elisabeth von R. - Sigmund Freud (trecho)

"Sou da opinião, contudo, que quando um histérico cria uma expressão somática para uma idéia emocionalmente dolorida, através da simbolização, isso depende menos do que se poderia imaginar de fatores pessoais ou voluntários. Ao tomar uma expressão verbal ao pé da letra e sentir uma "punhalada no coração" ou uma "bofetada no rosto" após um comentário depreciativo vivido como fato real, o histérico não está tomando liberdades com as palavras, mas simplesmente revivendo mais uma vez as sensações que a expressão verbal deve sua justificativa (....). O que poderia ser mais provável do que a idéia de que a figura de linguagem "engolir alguma coisa", que empregamos ao falar de um insulto ao qual não foi apresentada nenhuma  réplica, origin ou-se na verdade das sensações inervatórias que surgem na faringe quando deixamos de falar e nos impedimos de reagir ao insulto? Todas essas sensações e inervações pertencem ao campo da "Expressão das Emoções", que, como nos ensinou Darwin [1872], consiste em ações que originalmente possuíam um significado e serviam a uma finalidade.
Em sua maior parte, estas podem ter-se enfraquecido tanto que sua expressão em palavras nos parece ser apenas um quadro figurativo delas, ao passo que, com toda probabilidade, essa decrição um dia foi tomada em seu sentido literal; e a histeria tem razão em restaurar o significado original das palavras ao retratar suas inervações inusitadamente fortes. Com efeito, talvez seja errado dizer que a histeria cria essas sensações através da simbolização. É possível que ela não tome em absoluto o uso da língua como seu modelo, mas que tanto a histeria quanto o uso da língua extraiam seu material de uma fonte comum".


Nenhum comentário:

Postar um comentário