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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Vantagem? - Dostoiévski

"Mas, em primeiro lugar, quando foi que aconteceu ao homem, em todos estes milênios, agir unicamente em prol de sua própria vantagem? E que fazer então dos milhões de fatos que testemunham terem os homens, com conhecimento de causa, isto é, compreendendo plenamente as reais vantagens, relegando estas a um plano secundário e se atirando a um outro caminho, em busca do risco, ao acaso, sem seres obrigados a isto por nada e por ninguém, mas como que não desejando justamente o caminho indicado, e aberto a custo um outro, com teimosia, a seu bel-prazer, procurando quase nas trevas esse caminho árduo, absurdo? Quer dizer, realmente, que esta teimosia e a ação a seu bel-prazer lhes eram mais agradáveis que qualquer vantagem...A vantagem! Mas o que é a vantagem? Aceitais acaso a tarefa de determinar com absoluta precisão em que consiste a vantagem humana? E se porventura acontecer que a vantagem humana, alguma vez, não apenas pode, mas deve até consistir justamente em que, em certos casos, desejamos para nós mesmos o prejuízo e não a vantagem? E, se é assim, se pelo menos pode existir tal possibilidade, toda a regra fica reduzida a nada. O que achais? Acontecem tais casos?" -
(In. Memórias do subsolo. 5a ed. São Paulo: Editora 34, 2004, p.33).

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