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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Simone Beauvoir - Não se nasce mulher


“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, económico, define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino. Só a mediação de outrém pode constituir um indíviduo como outro.” (Beauvoir, 1987:13).

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sobre Frida Kahlo

Vídeo disponível no youtube com imagens reais de Frida Kahlo:

"Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón, terceira filha de Guilhermo e Matilde Kahlo, nasceu em 6 de julho de 1907, às oito e meia da manhã, em plena estação das chuvas de verão, quando o alto platô da Cidade do México fica abafado e úmido. Os primeiros dois nomes foram dados a Frida para que ela pudesse ser batizada com um nome cristão. Seu terceiro nome, o que a família usava, sognifica "paz" em alemão (embora em sua certidão de nascimento conste a grafia "Frida", o nome da pintora foi escrito com e - Frieda -, à moda alemã, até o final da década de 30, quando ela abandonou a letra por causa da ascensão do nazismo na Alemanha)".
(In: Frida: a biografia - Hayden Herrera. São Paulo: Globo, 2011. p.24). 

Documentário sobre Frida Kahlo

Parte I:

Parte II:

Parte III:

Parte IV:

Parte V:

Parte VI:


Asas do desejo - Wim Wenders

"Quando a criança era criança, era tempo dessas perguntas:
Por que eu sou eu e não você?
Por que estou aqui e por que não lá?
Quando começou o tempo e onde termina o espaço?
Será que a vida sob o sol nada mais é do que um sonho?
Será que o que vejo, escuto e cheiro não é apenas uma miragem do mundo anterior ao mundo?"
"Não quero pairar para sempre. Quero sentir um certo peso que ponha fim à falta de limite e me prenda ao chão".
"Algo aconteceu.
Ainda está acontecendo.
Foi verdade ontem à noite e é verdade agora, neste momento.
Quem foi quem?
Estive dentro dela, e ela, em volta de mim.
Quem nesse mundo pode dizer que já esteve unido a outro ser?
Eu estou unido.
Nenhuma criança mortal foi concebida, mas sim um quadro imortal compartilhado.
(...) Ela me levou para casa, e encontrei o meu lar.
Aconteceu uma vez.
Aconteceu uma vez, portanto vai acontecer.
A imagem que criamos me acompanhará quando eu morrer.
Terei vivido em seu interior.
Somente a estupefação com nós dois, a estupefação com o homem e a mulher, me tornou humano.
Eu...agora...sei... o que nenhum anjo sabe".
"Não existe história maior do que a nossa, a de um homem e uma mulher.
Será uma história de gigantes.
irreversível, contagiosa, uma história de novos ancestrais".
"Ontem à noite eu sonhei com um estranho...com o meu homem. Apenas com ele eu poderia ser solitária, me abrir totalmente.
Recebê-lo em mim como um ser inteiro.
Envolvê-lo num labirinto de felicidade compartilhada.
Eu sei que ele é você"
Mais sobre o filme no link:

Trailer:

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ocupa sampa - aula pública com Vladimir Safatle (Parte I I I)

"Nós entendemos o que vocês querem, o que vocês querem é legítimo".
*
"Hoje ninguém em sã consciência é capaz de acreditar no capitalismo".
*
"Nunca se penseou sem descrença. Quando se acredita demais em alguma coisa, você não tem razão de colocar em marcha a potência criativa do pensamento".
*
"Confiar no indeterminado (...) confiar no impossível é um elemento fundamental para que os processos criativos ocorram".
*
"Alguma coisa que possa ganhar uma dimensão maior do que todos nós...se nós acreditarmos nisso, é possível que isso ocorra. A possibilidade disso já vale uma vida".

Ocupa sampa - aula pública com Vladimir Safatle (Parte I I)

"Em certos momentos, calcular o menos pior é uma questão de sobrevivência".
*
"As estruturas partidárias estão esvaziando o campo do político, é necessário reconduzir o campo do político a sua força produtiva".
*
"Reconhecer que algo morreu, é o elemento fundamental para que algo novo possa aparecer".
*
"Diga quem são seus inimigos que eu digo o que vocês são capazes de fazer".
*
"Liberdade é um nome de um valor conflitual".

Ocupa sampa - aula pública com Vladimir Safatle (Parte I)

"Eu nunca entendi a dicotomia entre teoria e praxis, porque o pensamento, quando ele pensa de verdade, ele age" -  Heidegger, em "Cartas ao Humanismo", sendo citado por Vladimir Safatle, na Aula pública Universo Cidade Livre -Ocupa Sampa.
 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os ombros suportam o mundo - Carlos Drummond de Andrade

Uma pequena homenagem ao aniversário de 109 anos de um grande poeta.....

"O escolar", de Vicent Van Gogh.
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
 Pouco importa venha velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Desterro - João Guimarães Rosa

Eu ia triste, triste, com a tristeza discreta dos fatigados,
com a tristeza torpe dos que partiram tendo despedidas,
tão preso aos lugares
de onde o trem já me afastara estradas arrastadas,
que talvez eu não estivesse todo inteiro presente
no horror dessa viagem.
Mas a minha tristeza pesava mais do que todos os pesos,
e era por causa de mim, da minha fadiga desolada,
que a locomotiva, lá adiante, ridícula e honesta,
[bracejava,
puxando com esforço vagões quase vazios,
com almas cheias de distância, a penetrar no longe.
A tarde subiu do chão para a paisagem sem casas,
e o comboio seguia,
cada vez mais longe, mais fundo, a terra mais vermelha,
o esforço maior, as montanhas mais duras,
como sabem ser duros os caminhos,
pelos quais a gente vai, só pensando na volta...
Coagulada em preto,
a noite isolou as cousas dentro da tarde,
e o barulho do trem foi um rumor de soçobro
no fundo de um mar sem tona.
Nem mesmo foi a noite: foi a ausência
brusca e absurda do dia.
Tão definitiva e estranha, que eu me alegrei, esperando
o não continuar da vida,
o não-regresso da luz, o não-andar-mais do trem....

Mitologia - José Saramago

Ou deuses, noutros tempos, eram nossos
Porque entre nós amavam. Afrodite
Ao pastor se entregava sob os ramos
Que os ciúmes de Hefesto iludiam.

Da plumagem do cisne as mãos de Leda,
O seu peito mortal, o seu regaço,
A semente de Zeus, dóceis, colhiam.

Entre o céu e a terra, presidindo
Aos amores de humanos e divinos,
O sorriso de Apolo refulgia.

Quando castos os deuses se tornaram,
O grande Pã morreu, e órfãos dele,
Os homens não souberam e pecaram.
 
 Mais poemas no blog:

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A vida secreta das palavras

"- Pensei que você e eu talvez pudéssemos ir a algum lugar juntos, um destes dias...hoje...agora mesmo...vem comigo.
- Não, eu......creio que não vá ser possível.
- Por que não?
- Porque se vamos a algum lugar juntos, tenho medo que um dia, talvez não hoje, nem amanhã, mas um dia, de repente.....pode ser que eu comece a chorar e chore tanto que nada nem ninguém possa impedir. E as lágrimas encham o quarto e me falte o ar e te arraste comigo e nos afoguemos os dois.
- Aprenderei a nadar, Hanna. Prometo. Aprenderei a nadar".
(Trecho final do filme "A vida secreta das palavras").