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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Poema patético - Emílio Moura

Como a voz de um pequeno braço de mar perdido dentro de uma caverna,
Como um abafado soluço que irrompesse de súbito de um quarto fechado,
Ouço-te agora, a voz, ó meu desejo, e instintivamento recuo até as origens da minha angústia.
Policiada e vencida, oh! Afinal vencida por tantos séculos de resignação e humildade.
Em que hora remota, em que época já tão distanciada, foi que os ares
Vibraram pela última vez, diante de teu último grito de rebeldia?
Quantas vezes, oh meu desejo, tu me obrigaste a acender grandes fogueiras no meio da noite.
E esperar, cantando, pela madrugada?
Mas, e hoje? Hoje a tua voz ressoa dentro de mim, como um cântigo de órgão.
Como a voz de um pequeno braço de mar perdido dentro de uma caverna,
Como um abafado soluço que irrompesse, de súbito, de um quarto fechado.

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