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sábado, 12 de fevereiro de 2011

O amor - Vladimir Mayakovsky

Filme Les Amants
Um dia, quem sabe,
ela que também gostava de bichos,
apareça numa alameda de zoo,
sorridente,
tal como agora está no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela, que por certo, hão de ressucitá-la,
Vosso Trigésimo século ultrapassará o exame de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então, de todo amor não terminado,
seremos pagos em enumeráveis noites de estrelas.
Ressucita-me,
nem que seja porque te esperava,
como um poeta,
repelindo o absurdo cotidiano!
Ressucita-me,
nem que seja só por isso!
Ressucita-me!
Quero viver até o fim que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo de casamentos,
 concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a Terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o universo,
a mãe,
pelo menos a terra. 

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