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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

L´amour em fuite - Truffaut (trecho)

"O incrível é verdadeiro com frequência"
"-Meu coração estava disparado.
-Você certamente me enganou. Se eu soubesse. Por que não me disse antes?
-Eu tenho escondido meus sentimentos por toda minha vida. Eu sempre fui evasivo.
-Você não confia em ninguém.
-Confio em você, Sabine. De verdade"

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Carta de Heidegger para Hannah Arendt

"Querida Hannah:
Anseio por te ver novamente, num sentido a-fenomenológico. Sinto a tua falta na minha clareira ek-sistencial. A minha mulher é chata, idiota e deixa-me o ser doente. Além disso, não percebe patavina daquilo que escrevo. Porque será? Também não compreende que a verdade (no sentido platónico de aletheia) de uma re-lação reside na in-sistência que busca o des-velamento.
Oh, Hannah... Só tu provocas no meu ser-aí a ab-soluta ek-citação. Deixa-me ir à tua casa do ser. Tira-me deste vazio utilitário e devolve-me uma ek-sistência individual concreta. Vamos estudar juntos o ser-para-a-pequena-morte.
Do sempre teu (ou, pelo menos, enquanto o ser me animar o ente)..."

Martin Heidegger
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sábado, 17 de dezembro de 2011

Um conto chinês - trecho

"Querido Roberto...
Nas três horas em que estive no ônibus até chegar ao meu povoado, não teve um só minuto em que eu não pensasse em você.
É certo que quase nem te conheço, mas apenas de te ver entrar ... senti que te conhecia de toda uma vida.
Talvez porque haja duas coisas que logo percebo nas pessoas: a nobreza e a dor, e você possui ambas".
Na foto, cena em que Mari & Roberto conversam

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Trecho do livro "Sobre ética e Psicanálise" - Maria Rita Kehl

"O homem contemporâneo quer ser despojado não apenas de sua angústia de viver, mas também da responsabilidade de arcar com ela; quer delegar à competência médica e às intervenções químicas a questão fundamental do destino das pulsões, quer, enfim, eliminar a inquietação que o habita em vez de indagar o seu sentido".
"O que o apelo contemporâneo ao gozo faz é dificultar o nosso reconhecimento da lei, por falta de uma base discursiva que confira apoio e significado à impossibilidade do gozo. Isso afeta necessariamente o efeito da Lei sobre as pessoas? Talvez, na medida em que nos propomos um gozo impossível como ideal a ser atingido e não - como no caso de uma sociedade vitoriana, por exemplo - como mal a ser evitado. Assim, o apelo ao gozo produz mais angústia do que o gozo propriamente dito, mais violência (pois é com violência que reagimos à violência dos imperativos) do que fruição".
(Maria Rita Kehl, em "Sobre ética e Psicanálise". SP: Companhia das Letras, 2007, p.8-15)

Trecho do livro "A histeria" - Juan David Nasio

"Atravessamos a angústia quando uma palavra, um acontecimento, um gesto ou um silêncio, não importa, uma revelação fulgurante proveniente do psicanalista ou surgida de improviso em mim mesmo, analisando, me faz compreender que eu podia aceitar perder, porque o risco nunca foi o risco de um todo, mas de uma parte; e de uma parte que estará sempre perdida. Compreendi, não mentalmente, mas em ato, que qualquer que seja o resultado final dessa travessia da angústia, o risco continuará necessariamente parcial, e a perda, inevitavelmente sofrida. Compreendi, e meu corpo compreendeu, que nunca perderei tudo, e que, se ganhar, jamais ganharei sem perder ".
(Juan David Nasio. A Histeria. Rio de Janeiro: Zahar, 1991. p.91)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Carta de Frida para Diego, por ocasião do aniversário dele, em 8/12/1938

São seis da manhã
e os perus estão cantando.
calor da ternura humana
Solidão acompanhada -
Nunca me esquecerei da sua presença
por toda a minha vida
Você me recolheu quando eu estava destruída
e me fez inteira de novo
Nesta pequena terra
Pra onde hei de dirigir meu olhar?
Tão imenso e profundo!
Já não há mais tempo. Já não há mais nada.
Distância. Só existe a realidade
O que foi, se foi pra sempre!
O que existe são raízes
que parecem transparentes
transformadas
Na eterna árvore frutífera
Suas frutas me dão sua cor
crescendo com a alegria
dos ventos e floradas.
Não pare de dar sede
à árvore da qual você é o sol, a árvore
que entesourou sua semente
"Diego" é o nome do amor.
(In: Frida, a biografia. Hayden Herrera. São Paulo:Globo, 2011. p.293)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O prisioneiro da passagem - Hugo Denizart (1982)


Realização: Hugo Denizart
Direção: Maria Alves de Lima
Produção: CNPI (Centro Nacional de Produção Independente)
Edição e montagem: Ricardo Miranda
Fotografia e câmera: John Howard Szerman
 *
Documentário curta sobre o sergipano ex marinheiro, pugilista, acidentado de trabalho pela Viação Excelsior (subsidiária da Light) e empregado doméstico, Arthur Bispo do Rosario, interno número 01662 daquele que chegou a ser o maior manicômio das Américas durante os anos 1960, a Colônia Juliano Moreira, no bairro de Jacarepaguá, Rio de Janeiro, sob o diagnóstico único de esquizofrênico paranóico, desde os seus presumíveis 29 anos de idade, em 25 de janeiro de 1939 (cinco anos depois do interno fugitivo Ernesto Nazareth ser encontrado morto por afogamento), até o seu infarto do miocárdio às dezenove horas do dia 5 de julho de 1989.
O legado de Bispo de mais de 1000 peças, entre bordados, estandartes, “assemblages”, roupas, esculturas, arquivos e anotações, começou a ser conhecido fora do manicômio a partir de uma reportagem do jornalista Samuel Wainer Filho para o programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, em 18 de maio de 1980, cuja pauta inicial era denunciar os maus tratos sofridos pelos internos psiquiátricos. Dois anos depois, foi convencido a permitir que algumas de suas peças saíssem do manicômio para integrarem a exposição coletiva “À margem da vida”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, junto com trabalhos praxiterapêuticos de presidiários, menores infratores, idosos e alguns outros pacientes psiquiátricos.
***
Hugo Denizart “nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1946, e singularizou-se por unir a fotografia à sua experiência como psicanalista e psiquiatra, muito embora tenha tido um começo de carreira ortodoxo no campo da imagem por atuar como repórter fotográfico do Jornal do Brasil entre 1971 e 1973. Seu primeiro ensaio pessoal focalizou os moradores de rua do Ceará, em 1971. Concentrou-se depois na cidade do Rio de Janeiro, onde realizou significativos e distintivos ensaios sobre temas polêmicos e candentes como a Cidade de Deus (1978); os internos da colônia psiquiátrica Juliano Moreira (1980); as prostitutas de Vila Mimosa (1988); e os travestis da praça Tiradentes (1997). Publicou os livros de fotografia: Região dos Desejos (1983); Inventando Corpos (1987); Como Eles Dizem… (1991); e Engenharia Erótica (1998); assim como um livro de poesia e textos curtos intitulado Conto do Vigário (2003).” (Pedro Vasquez, “Memória das Artes”, Funarte: funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/acervo/infoto/biografia-de-hugo-denizart/ )
“Dirigiu os filmes documentários Líderes de quadrilha (1980); Prisioneiro da passagem (1982), sobre o artista Arthur Bispo do Rosário, interno da Colônia Juliano Moreira; e Região dos desejos (1983), sobre as internas da Colônia Juliano Moreira. Recebeu o prêmio de melhor exposição de fotografia da Associação Paulista de Críticos de Arte (1984).” (Coleção Pirelli/MASP de Fotografia: colecaopirellimasp.art.br/autores/115/obra/415 )

 Documentário disponível no link:

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Simone Beauvoir - Não se nasce mulher


“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, económico, define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino. Só a mediação de outrém pode constituir um indíviduo como outro.” (Beauvoir, 1987:13).

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sobre Frida Kahlo

Vídeo disponível no youtube com imagens reais de Frida Kahlo:

"Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón, terceira filha de Guilhermo e Matilde Kahlo, nasceu em 6 de julho de 1907, às oito e meia da manhã, em plena estação das chuvas de verão, quando o alto platô da Cidade do México fica abafado e úmido. Os primeiros dois nomes foram dados a Frida para que ela pudesse ser batizada com um nome cristão. Seu terceiro nome, o que a família usava, sognifica "paz" em alemão (embora em sua certidão de nascimento conste a grafia "Frida", o nome da pintora foi escrito com e - Frieda -, à moda alemã, até o final da década de 30, quando ela abandonou a letra por causa da ascensão do nazismo na Alemanha)".
(In: Frida: a biografia - Hayden Herrera. São Paulo: Globo, 2011. p.24). 

Documentário sobre Frida Kahlo

Parte I:

Parte II:

Parte III:

Parte IV:

Parte V:

Parte VI:


Asas do desejo - Wim Wenders

"Quando a criança era criança, era tempo dessas perguntas:
Por que eu sou eu e não você?
Por que estou aqui e por que não lá?
Quando começou o tempo e onde termina o espaço?
Será que a vida sob o sol nada mais é do que um sonho?
Será que o que vejo, escuto e cheiro não é apenas uma miragem do mundo anterior ao mundo?"
"Não quero pairar para sempre. Quero sentir um certo peso que ponha fim à falta de limite e me prenda ao chão".
"Algo aconteceu.
Ainda está acontecendo.
Foi verdade ontem à noite e é verdade agora, neste momento.
Quem foi quem?
Estive dentro dela, e ela, em volta de mim.
Quem nesse mundo pode dizer que já esteve unido a outro ser?
Eu estou unido.
Nenhuma criança mortal foi concebida, mas sim um quadro imortal compartilhado.
(...) Ela me levou para casa, e encontrei o meu lar.
Aconteceu uma vez.
Aconteceu uma vez, portanto vai acontecer.
A imagem que criamos me acompanhará quando eu morrer.
Terei vivido em seu interior.
Somente a estupefação com nós dois, a estupefação com o homem e a mulher, me tornou humano.
Eu...agora...sei... o que nenhum anjo sabe".
"Não existe história maior do que a nossa, a de um homem e uma mulher.
Será uma história de gigantes.
irreversível, contagiosa, uma história de novos ancestrais".
"Ontem à noite eu sonhei com um estranho...com o meu homem. Apenas com ele eu poderia ser solitária, me abrir totalmente.
Recebê-lo em mim como um ser inteiro.
Envolvê-lo num labirinto de felicidade compartilhada.
Eu sei que ele é você"
Mais sobre o filme no link:

Trailer: