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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ocupa sampa - aula pública com Vladimir Safatle (Parte I I I)

"Nós entendemos o que vocês querem, o que vocês querem é legítimo".
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"Hoje ninguém em sã consciência é capaz de acreditar no capitalismo".
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"Nunca se penseou sem descrença. Quando se acredita demais em alguma coisa, você não tem razão de colocar em marcha a potência criativa do pensamento".
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"Confiar no indeterminado (...) confiar no impossível é um elemento fundamental para que os processos criativos ocorram".
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"Alguma coisa que possa ganhar uma dimensão maior do que todos nós...se nós acreditarmos nisso, é possível que isso ocorra. A possibilidade disso já vale uma vida".

Ocupa sampa - aula pública com Vladimir Safatle (Parte I I)

"Em certos momentos, calcular o menos pior é uma questão de sobrevivência".
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"As estruturas partidárias estão esvaziando o campo do político, é necessário reconduzir o campo do político a sua força produtiva".
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"Reconhecer que algo morreu, é o elemento fundamental para que algo novo possa aparecer".
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"Diga quem são seus inimigos que eu digo o que vocês são capazes de fazer".
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"Liberdade é um nome de um valor conflitual".

Ocupa sampa - aula pública com Vladimir Safatle (Parte I)

"Eu nunca entendi a dicotomia entre teoria e praxis, porque o pensamento, quando ele pensa de verdade, ele age" -  Heidegger, em "Cartas ao Humanismo", sendo citado por Vladimir Safatle, na Aula pública Universo Cidade Livre -Ocupa Sampa.
 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os ombros suportam o mundo - Carlos Drummond de Andrade

Uma pequena homenagem ao aniversário de 109 anos de um grande poeta.....

"O escolar", de Vicent Van Gogh.
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
 Pouco importa venha velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Desterro - João Guimarães Rosa

Eu ia triste, triste, com a tristeza discreta dos fatigados,
com a tristeza torpe dos que partiram tendo despedidas,
tão preso aos lugares
de onde o trem já me afastara estradas arrastadas,
que talvez eu não estivesse todo inteiro presente
no horror dessa viagem.
Mas a minha tristeza pesava mais do que todos os pesos,
e era por causa de mim, da minha fadiga desolada,
que a locomotiva, lá adiante, ridícula e honesta,
[bracejava,
puxando com esforço vagões quase vazios,
com almas cheias de distância, a penetrar no longe.
A tarde subiu do chão para a paisagem sem casas,
e o comboio seguia,
cada vez mais longe, mais fundo, a terra mais vermelha,
o esforço maior, as montanhas mais duras,
como sabem ser duros os caminhos,
pelos quais a gente vai, só pensando na volta...
Coagulada em preto,
a noite isolou as cousas dentro da tarde,
e o barulho do trem foi um rumor de soçobro
no fundo de um mar sem tona.
Nem mesmo foi a noite: foi a ausência
brusca e absurda do dia.
Tão definitiva e estranha, que eu me alegrei, esperando
o não continuar da vida,
o não-regresso da luz, o não-andar-mais do trem....

Mitologia - José Saramago

Ou deuses, noutros tempos, eram nossos
Porque entre nós amavam. Afrodite
Ao pastor se entregava sob os ramos
Que os ciúmes de Hefesto iludiam.

Da plumagem do cisne as mãos de Leda,
O seu peito mortal, o seu regaço,
A semente de Zeus, dóceis, colhiam.

Entre o céu e a terra, presidindo
Aos amores de humanos e divinos,
O sorriso de Apolo refulgia.

Quando castos os deuses se tornaram,
O grande Pã morreu, e órfãos dele,
Os homens não souberam e pecaram.
 
 Mais poemas no blog:

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A vida secreta das palavras

"- Pensei que você e eu talvez pudéssemos ir a algum lugar juntos, um destes dias...hoje...agora mesmo...vem comigo.
- Não, eu......creio que não vá ser possível.
- Por que não?
- Porque se vamos a algum lugar juntos, tenho medo que um dia, talvez não hoje, nem amanhã, mas um dia, de repente.....pode ser que eu comece a chorar e chore tanto que nada nem ninguém possa impedir. E as lágrimas encham o quarto e me falte o ar e te arraste comigo e nos afoguemos os dois.
- Aprenderei a nadar, Hanna. Prometo. Aprenderei a nadar".
(Trecho final do filme "A vida secreta das palavras").
 

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Uma criatura dócil - Dostoiévski (fragmento).

"Sou mestre na arte de falar em silêncio, passei minha vida toda conversando em silêncio e em silêncio acabei vivendo tragédias inteiras comigo mesmo. Oh, pois eu também era infeliz! Fui desprezado por todos, desprezado e esquecido, e ninguém, absolutamente ninguém sabe disso! E depois, de repente, vem essa garota (...), pega de gente infme detalhes sobre a minha vida e pensa que sabe tudo, enquanto o que é secreto continua encerrado no peito deste homem!" (pgs.29-30).
*
"Que me importam agora as vossas leis? De que me servem os vossos usos, os vossos costumes, a vossa vida, o vosso Estado, a vossa fé? Que me julgue o vosso juiz, que me levem para um tribunal, para o vosso tribunal público, e direi que eu não reconheço nada. O juiz gritará: "Cale-se oficial!". E começarei a gritar: "Onde está agora esse vosso poder para me fazer obedecer? Por que a tenebrosa rotina foi destruir aquilo que me era mais caro do que tudo? O que são as vossas leis para mim, agora? Eu estou me apartando de tudo isso". Ora, pouco importa!
(...) Você não sabe com que paraíso eu a teria cercado. O paraíso estava em minha alma, eu o teria plantado em seu redor! Bem, se você não me amava, muito bem, qual o problema? As coisas poderiam ter sido assim, tudo poderia ter permanecido assim. Podia contar-me coisas apenas como a um amigo, e aí nos divertiríamos e riríamos alegremente, olhando nos olhos um do outro. Poderíamos viver assim. E caso se apaixonasse por outro, pois que fose, que importa! Você poderia ir com ele, sorindo, enquanto eu ficaria olhando do outro lado da rua...Oh, pouco importa isso tudo, a única coisa que me importa é que abra os olhos, ao menos por um único instante! (...).
A rotina! Oh, natureza! Os homens estão sozinhos na terra, essa é a desgraça! (...) Dizem que o Sol dá vida ao universo. O Sol está nascendo, olhem para ele, por acaso não é um cadáver? Tudo está morto, e há cadáveres em toda parte. Os homens estão sozinhos, rodeados pelo silêncio - isso é a terra! "Homens, amai-vos uns aos outros" - quem disse isso? De quem é esse mandamento? O pêndulo bate de um modo insensível, nauseante. São duas horas da madrugada (...). Não, falo sério, quando a levarem amanhã, o que vai ser de mim?" (pgs.87-8).
*
(Uma criatura dócil. São Paulo: Cosac Naify, 2009 [1876]).

Don´t you remember- Adele

Only the one - Adele

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Xote do edifício - Zeca Baleiro

"Se você quiser te dou meu coração
Arranco ele do peito com canivete
Dói um pouco mais depois passa
Como tudo passa, o trilho, o trem
... Se você quiser, só se você quiser
Te dou minha mão, meu pé
Uma perna, um braço
Sem eles eu passo
Sem eles eu passo muito bem
A dor que me dói, também conforta
Dói e pouco me importa então
Morrer de amor
Morrer de amor, morrer de amor
Morrer de amor não é difícil, não
Se atirar do edifício
Viver de amor é que é difícil
Se atirar"

Música para download no link:

terça-feira, 4 de outubro de 2011

My body is a Cage - Peter Gabriel (tradução)

Meu corpo é uma jaula, que me impede
De dançar com aquela que amo
Porém minha mente segura a chave
Meu corpo é uma jaula, que me impede
De dançar com aquela que amo,
Porém minha mente segura a chave
Eu estou em uma cena
De medo e insegurança
É uma peça horrível,
Mas eles aplaudirão mesmo assim
Meu corpo é uma jaula, que me impede
De dançar com aquela que amo,
Porém minha mente segura a chave
Você está perto de mim
E minha mente segura a chave
Estou vivendo em uma época
Que chama a escuridão de luz
E apesar de minha língua estar morta,
Suas formas ainda preenchem a minha cabeça
Estou vivendo em uma época
Cujo nome não sei
E apesar do medo me manter seguindo em frente
Meu coração ainda bate tão lentamente
Meu corpo é uma jaula, que me impede
De dançar com aquela que amo
Porém minha mente segura a chave
Você está em pé ao meu lado
E minha mente segura a chave
Meu corpo é uma...
Meu corpo é uma jaula
Nós usamos o que nos foi dado
E só porque você esqueceu
Não quer dizer que esteja perdoado
Estou vivendo em uma época
Que grita meu nome à noite
Porém quando eu chego à saída
Não há ninguém à vista
Você está perto de mim
E minha mente segura a chave
Liberte o meu espírito...

Download da música no link:

Cena do seriado no link: