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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Belle Vue - Onde Freud teve o sonho da "Injeção de Irma".



 

Em 1895, Freud foi passar o verão no Schloss Belle Vue na Kobenzl, com a família Ritter von Schlag. Aqui, durante a noite de 23-24 julho, ele teve um sonho onde conseguiu decifrar pela primeira vez a realização do desejo, o qual aparece em ...sua "Interpretação dos Sonhos", como o "sonho da injeção de Irma". A Schloss foi demolida, mas hoje o local é marcado por um monumento com uma inscrição tirada de uma carta que Freud escreveu mais tarde, em 12 de junho de 1900, a Wilhelm Fliess: "Você realmente acha que algum dia será capaz de ler uma placa de mármore a inscrição:" Aqui na 24 de julho de 1895 o mistério dos sonhos foi revelado ao Dr. Sigmund Freud". Freud finalizava esta hipótese, na carta, com o comentário: "Até agora tenho poucas esperanças".

(Fonte: Museu Freud (Viena): http://www.freud-museum.at/freud/topogr/bllvue-e.htm).

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Documentário Janis Joplin no youtube (1975)

Com direção de Howard Alk e Seaton Findlay. Documentário biográfico, incluindo cenas de vários shows de Janis, transmitido pelo Telecine Cult, disponível no youtube em três partes.

Parte I:


Parte II:

Parte III:

Saudade de amar - Olívia & Francis Hime

Deixa eu te dizer amor
Que não deves partir
Partir nunca mais.
*
Pois o tempo sem amor
É uma pura ilusão
E não volta mais.
Se pudesses compreender
A solidão que é
Te buscar por aí
Amando devagar
A vagar por aí
Chorando a tua ausência.
*
Vence a tua solidão
Abre os braços e vem
Meus dias são teus
É tão triste se perder
Tanto tempo de amor
Sem hora de adeus.
Ó volta aqui nos braços meus
Não haverá adeus
Nem saudade de amor.
*
E os dois sorrindo a soluçar
Partiremos depois.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Alice no país das maravilhas (sobre o livro & afins)

"Se você não sabe para onde vai, qualquer caminho serve."
*
"-Nesta direção", disse o Gato, girando a pata direita, "mora um Chapeleiro. E nesta direção", apontando com a pata esquerda, "mora uma Lebre de Março. Visite quem você quiser quiser, são ambos loucos."
"-Mais eu não ando com loucos", observou Alice".
"-Oh, você não tem como evitar", disse o Gato, "somos todos loucos por aqui. Eu sou louco. Você é louca".
"-Como é que você sabe que eu sou louca?", disse Alice.
"-Você deve ser", disse o Gato, "Senão não teria vindo para cá".
*
"... A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas mas não posso explicar a mim mesma...".
Documentário sobre o livro:

Primeira versão de Alice para o cinema, datada de 1903:

Músicas inspiradas na história de Alice
*
Jefferson Airplane:

Tom Petty:

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Os chistes e a sua relação com o inconsciente - Sigmund Freud (trecho)

"De bom grado renunciaria a todos os métodos de satisfação proscritos pela sociedade, mas como saber que a sociedade recompensará tal renúncia oferecendo-me um dos métodos permitidos – mesmo ao preço de um certo adiamento? O que os chistes ...sussurram pode ser dito em voz alta: que as vontades e desejos dos homens têm o direito de se tornarem aceitáveis ao lado de uma moralidade severa e cruel (...). Na medida em que a arte de curar não tem prosseguido em assegurar (a eternidade de) nossa vida e na medida em que os arranjos sociais não a têm tornado mais agradável, será impossível sufocar dentro de nós a voz que se rebela contra as exigências da moralidade (...). Deve-se jungir a própria vida à vida dos outros tão intimamente e poder identificar-se com eles de tal maneira que a brevidade da própria vida seja vencida; não se deve, pois, satisfazer às exigências das próprias necessidades ilegitimamente, mas antes deixá-las insatisfeitas porque só a continuidade de tantas exigências há de desenvolver o poder de mudança da ordem social”.
(Os chistes e a sua relação com o inconsciente. Rio de Janeiro: Imago: 2006 [1905],pgs.108-9).

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Uma carta de Freud a Marie Bonaparte (13/08/1937)

 Minha cara Marie*:
Posso responder-lhe sem demora, pois tenho pouco a fazer. O "Moisés" II foi concluído anteontem, e as pequenas dores esquecemos melhor numa troca de idéias com amigos.
Para o escritor, a imortalidade significa que ele será amado por muitas pessoas desconhecidas. Mas eu sei que não chorarei sua morte. Pois você sobreviverá a mim por muitos anos e, espero, se consolará rapidamente, e me deixará seguir vivendo em sua memória amiga, a única espécie de imortalidade limitada que reconheço.
No momento em que nos perguntamos sobre o valor e o sentido de uma vida, estamos doentes, pois objetivamente tais coisas não existem. Ao fazê-lo, apenas admitimos possuir um quê de libido insatisfeita, a que algo mais deve ter acontecido, uma espécie de fermentação que conduz à tristeza e à depressão. Essa minha explicação não é grande coisa, certamente. Talvez porque eu mesmo seja muito pessimista. Anda em minha cabeça um advertisement que considero o mais ousado e bem-sucedido exemplo de propaganda americana:
"Why live, if you can be buried for ten dollars?"
["Por que viver, se você pode ser enterrado por dez dólares?"].
Lun** refugiou-se junto a mim depois de um banho. Se a compreendo bem, manda que lhe agradeça a lembrança. Topsy já sabe que está sendo traduzida?
Escreva breve!
Afetuosamente,
Freud.
Notas:
 *Marie Bonaparte (1882-1962), princesa da Grécia, foi paciente, depois discípula e amiga de Freud.
** Lun era uma cadela de Freud, da raça chow. Topsy, também uma cadela chow, pertencia a Marie Bonaparte; a referência da última frase é ao trabalho que Marie Bonaparte escreveu sobre ela, que estava sendo traduzido por Freud e por sua filha Anna.
(In:Sigmund Freud e o Gabinete do Dr. Lacan. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1990, p. 129).

segunda-feira, 19 de março de 2012

A interpretação dos sonhos - Freud (trecho)

"Não se devem assemelhar os sonhos aos sons desregulados que saem de um instrumento musical atingido pelo golpe de alguma força externa, e não tocado pela mão de um instrumentista; eles não são destituídos de sentido, não são absurdos; não... implicam que uma parcela de nossa reserva de representações esteja adormecida enquanto outra começa a despertar. Pelo contrário, são fenômenos psíquicos de inteira validade - realizações de desejos; podem ser inseridos na cadeia dos atos mentais inteligíveis da vigília; são produzidos por uma atividade mental altamente complexa".
(Sigmund Freud. In: A interpretação dos sonhos. Rio de Janeiro: Imago, 2001 [1900], p.136).

quinta-feira, 15 de março de 2012

Caso V - Srta. Elisabeth von R. - Sigmund Freud (trecho)

"Sou da opinião, contudo, que quando um histérico cria uma expressão somática para uma idéia emocionalmente dolorida, através da simbolização, isso depende menos do que se poderia imaginar de fatores pessoais ou voluntários. Ao tomar uma expressão verbal ao pé da letra e sentir uma "punhalada no coração" ou uma "bofetada no rosto" após um comentário depreciativo vivido como fato real, o histérico não está tomando liberdades com as palavras, mas simplesmente revivendo mais uma vez as sensações que a expressão verbal deve sua justificativa (....). O que poderia ser mais provável do que a idéia de que a figura de linguagem "engolir alguma coisa", que empregamos ao falar de um insulto ao qual não foi apresentada nenhuma  réplica, origin ou-se na verdade das sensações inervatórias que surgem na faringe quando deixamos de falar e nos impedimos de reagir ao insulto? Todas essas sensações e inervações pertencem ao campo da "Expressão das Emoções", que, como nos ensinou Darwin [1872], consiste em ações que originalmente possuíam um significado e serviam a uma finalidade.
Em sua maior parte, estas podem ter-se enfraquecido tanto que sua expressão em palavras nos parece ser apenas um quadro figurativo delas, ao passo que, com toda probabilidade, essa decrição um dia foi tomada em seu sentido literal; e a histeria tem razão em restaurar o significado original das palavras ao retratar suas inervações inusitadamente fortes. Com efeito, talvez seja errado dizer que a histeria cria essas sensações através da simbolização. É possível que ela não tome em absoluto o uso da língua como seu modelo, mas que tanto a histeria quanto o uso da língua extraiam seu material de uma fonte comum".


quarta-feira, 14 de março de 2012

Janis Joplin por ela mesma - (trechos)

"Por que nenhum homem de quem eu goste gosta de mim? É por isso que eu canto blues. Porque os blues são a eterna canção da mulher sozinha, iludida, enganada, esperando..." (p..24).
*
"Antes, as pessoas me diziam que eu era infeliz porque estava na adolescência, mas que um dia tudo ia ficar legal. E eu acreditava. Primeiro achava que quando o homem certo aparecesse, seria a hora, depois que quando eu pudesse trepar em paz..., depois que se eu conseguisse algum dinheiro etc. Até que um dia, sentada num bar, entendi de repente que nunca ia acontecer nada, que nunca ia ficar legal, que o tempo todo tem alguma coisa errada, sempre, só muda o problema. Não era um prazo de espera, era toda a minha vida"(p.101).
*
"Não sei se estou sendo insensível se disser que o blues do negro é sempre baseado na falta de: ´Estou triste porque não tenho mulher, porque não tenho dinheiro, porque não tenho isso ou aquilo´. E não é o que está faltando que faz você infeliz, mas o desejo específico por alguma coisa que não pode conseguir. Não é o nada, o não-ter; é o querer" (p.101).
(In: Janis Joplin por ela mesma - Atanásio Cosme (org.). São Paulo: Martin Claret, 2004).

 



quinta-feira, 1 de março de 2012

Grandes Esperanças - filme (trecho)

"As coisas são ou não são de uma determinada maneira. A cor do dia. O toque da água salgada nas suas pernas queimadas.
Algumas vezes a água é amarela. Outras vermelha. Mas que cor fica na memória, isso depende do dia.
Não vou contar a história do jeito que aconteceu. Vou contar do jeito que eu me lembro".


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A transitoriedade - Sigmund Freud (trecho)

"Valor de transitoriedade é valor de raridade no tempo. A limitação da possibilidade da fruição aumenta a sua preciosidade. É incompreensível (...) que a idéia da transitoriedade do belo deva perturbar a alegria que ele nos proporciona.
(...) Talvez chegue o dia em que os quadros e estátuas que hoje admiramos se reduzam a pó, ou que nos suceda uma raça de homens que não mais entenda as obras de nossos poetas e pensadores, ou que sobrevenha uma era geológica em que os seres vivos deixem de existir sobre a Terra; mas se o valor de tudo quanto é belo e perfeito é determinado somente por seu significado para a nossa vida emocional, não precisa sobreviver a ela, e portanto independe da duração absoluta".
(Sigmund Freud. A transitoriedade. In: Obras completas. Companhia das Letras, São Paulo: 2010 [1914-16], v.12, p.249).

Considerações atuais sobre a guerra e a morte - Sigmund Freud (trechos)

 
"A civilização foi adquirida pela renúncia à satisfação instintual, e exige de cada "recém-chegado" essa mesma renúncia. Durante a vida individual há uma contínua transformação de coação externa em coação interna. As influências culturais levam a que tendências egoístas cada vez mais se convertam em altruístas, sociais, pela adjunção de elementos eróticos. Enfim, é lícito supor que toda coação interna que se faz notar no desenvolvimento do ser humano era originalmente, ou seja, na história da humanidade, apenas coação externa" - (p.220-1). 
*
"O ser individual se encontra não apenas sob o influxo do seu meio cultural presente, mas está sujeito também à influência da história cultural de seus antepassados" - ( p.221).
*
"Quem é obrigado a reagir continuamente segundo preceitos que não são expressão de seus pendores instintuais vive acima de seus meios, psicologicamente falando, e pode objetivamente ser designado como um hipócrita, esteja ele consciente ou não dessadiscrepância. É inegável que nossa atual civilização favorece de maneira extraordinária a produção de tal espécie de hipocrisia. Podemos ousar afirmar que ela está edificada sobre essa hipocrisia, e que teria que admitir profundas mudanças, caso as pessoas se propusessem viver conforme a verdade psicológica. Portanto, existem muito mais hipócritas culturais do que homens realmente civilizados, podendo-se mesmo considerar o ponto de vista de que um certo grau de hipocrisia cultural seja indispensável para a manutenção da cultura, porque a aptidão cultural já estabelecida nos homens de hoje talvez não bastasse para essa realização. Por outro lado, a manutenção da cultura, ainda que sobre uma base tão duvidosa, oferece a perspectiva de preparar o caminho, em cada nova geração, para uma transformação instintual mais ampla, portadora de uma cultura melhor" - (p.223-4).
"Argumentos lógicos são impotentes em face de interesses afetivos" - (p.228).
* 
"Uma proibição tão forte pode se dirigir apenas a um impulso igualmente forte. O que nenhuma alma humana cobiça não é necessário proibir, exclui-se por si mesmo" - ( p.241).
*
"Não seria melhor dar à morte o lugar que lhe cabe, na realidade e em nossos ´pensamentos, e pôr um pouco mais à mostra nossa atitude inconsciente ante a morte, que até agora reprimimos cuidadosamente? Isso não parece uma realização maior, seria antes um passo atrás em vários aspectos, uma regressão, mas tem a vantagem de levar mais em conta a verdade e nos tornar a vida novamente suportável. Suportar a vida continua a ser o primeiro dever dos vivos. A ilusão perde o valor se nos atrapalha nisso.
Recordemo-nos do velho ditado: Si vis pacem, para bellum. Se queres conservar a paz, prepara-te para a guerra.
No momento atual caberia mudá-lo: Si vis vitam, para mortem. Se queres aguentar a vida, prepara-te para a morte" - (p. 246).

Sobre o amor - Saramago

Penso saber que o amor não tem nada que ver com a idade, como acontece com qualquer outro sentimento. Quando se fala de uma época a que se chamaria de descoberta do amor, eu penso que essa é uma maneira redutora de ver as relações entre as pessoas vivas. O que acontece é que há toda uma história nem sempre feliz do amor que faz que seja entendido que o amor numa certa idade seja natural, e que noutra idade extrema poderia ser ridículo. Isso é uma ideia que ofende a disponibilidade de entrega de uma pessoa a outra, que é em que consiste o amor.
Eu não digo isto por ter a minha idade e a relação de amor que vivo. Aprendi que o sentimento do amor não é mais nem menos forte conforme as idades, o amor é uma possibilidade de uma vida inteira, e se acontece, há que recebê-lo. Normalmente, quem tem ideias que não vão neste sentido, e que tendem a menosprezar o amor como factor de realização total e pessoal, são aqueles que não tiveram o privilégio de vivê-lo, aqueles a quem não aconteceu esse mistério.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

The Melting Men - Nele Azavedo

 A artista plástica Néle Azevedo nos fala de suas intervenções efêmeras, "monumentos mínimos em gelo", que derretem ao redor do mundo:
"Há um longo tempo trabalho com intervenções efêmeras nos espaços urbanos, construindo Monumentos Mínimos em gelo que, além de pequenos, desaparecem. Milhares de esculturas derreteram nas praças de dezessete cidades pelo mundo, atraindo a atenção daqueles que passavam pelo local, promovendo uma suspensão do seu trajeto quotidiano.
Em uma ação de poucos minutos, o Monumento Mínimo inverte conceitualmente, os cânones oficiais do registro da memória em monumentos públicos, propondo uma escala mínima, um homenageado sem rosto que se senta ao chão e desaparece – um monumento para o esquecimento. Ele realiza uma apreensão concreta, poética e política do espaço, do corpo na cidade e do monumento no espaço coletivo.
Mesmo fazendo-o muitas vezes algo me escapa, é intangível. O gelo derrete num tempo cronológico, mas a experiência do derretimento suspende o tempo linear e nestes momentos só existe o movimento de desaparição. Ao final, as escadas molhadas (porque sempre são colocadas em escadas nas cidades), parece que foi um sonho distante que preciso alcançar para compreender.
A proposta é que o visitante experimente o derretimento, sem nenhuma intermediação de fotos ou vídeos. O gelo derrete em um tempo cronológico, mas ele acentua uma metáfora de outro tempo: o tempo de duração espacial vivida através do corpo. Ele propõe a experiência do tempo como duração". -
Nele Azevedo é mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista – UNESP em 2003, Bacharel em Artes Plásticas pela Faculdade Santa Marcelina em 1997. Em 1998 inicia sua carreira com uma instalação de esculturas em ferro no Centro Cultural dos Correios – RJ e ganha o prêmio aquisição no Salão de Arte Contemporânea de Santo André-SP. Em 2002 recebeu o prêmio viagem ao Japão pelo Salão Bunkyo com um trabalho de instalação de esculturas em acrílico. No final de 2001 dá início às intervenções no espaço urbano com o Projeto Monumento Mínimo tendo como eixo de discussão os monumentos públicos nas metrópoles contemporâneas como Brasília, Salvador, Curitiba, São Paulo, Havana -Cuba, Tóquio e Kyoto- Japão, Paris-França, Braunschweig-Alemanha, Porto–Portugal, Florença-Itália, Berlin-Alemanha e Stavanger-Noruega. Essas intervenções ficaram mundialmente conhecidas como “melting men” ou “army of melting men”.

É urgente o amor - Eugênio de Andrade

É urgente o amor
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade
alguns lamentos
muitas espadas.

É urgente inventar alegria
multiplicar os beijos, as searas
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer
É urgente o amor, é urgente
permanecer.