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sábado, 1 de junho de 2013

Eu a amava - Anna Gavalda (trechos favoritos)

 
"Quanto tempo é preciso para esquecer o cheiro de quem nos amou? E quando a gente deixa de amar? Que me dêem uma ampulheta" - (P.28).
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"Eu ia protestar, mas ele me olhou bravo e pôs um dedo diante da boca. Pierre Dippel é um homem que não gosta de ser contrariado.
- A gente tem sempre que obedecer o senhor, não é?
Ele não me escutava.
- Será que um dia alguém já ousou contradizê-lo? (...).
- Alguém não. A minha vida inteira" - (p.56).
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"- Mas nós somos uma grande ocasião, Chloé. Nós somos a melhor ocasião do mundo" - (p. 57).
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" - Amei-a mais do que tudo. Mais do que tudo...
Eu não sabia que se podia amar a tal ponto...Enfim, eu, em todo caso, achava que eu não estava...programado para amar daquela maneira. As declarações, as insônias, os estragos da paixão, aquilo tudo era bom para os outros. Aliás, a simples palavra paixão me fazia rir. A paixão, a paixão! Eu punha aquilo entre a hipnose e superstição...Era quase um palavrão na minha boca. E aí, aquilo caiu sobre mim na hora em que eu menos esperava. Eu...Eu amei uma mulher.
Me apaixonei como se pega uma doença. Sem querer, sem acreditar, contra a minha vontade e sem poder me defender, e depois... (...)
- E depois a perdi. Da mesma maneira" - (p.82).
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"O que se espera da vida aos 42 anos?
Eu, nada. Não esperava nada. Eu trabalhava. Cada vez mais e sempre. Era a minha roupa de camuflagem, a minha armadura, o meu álibi. Meu álibi para não viver. Porque eu não gostava muito disso, de viver. Eu achava que não tinha jeito para isso.
Eu inventava dificuldades, montanhas a serem escaladas. Muito altas. Muito escarpadas. Depois arregaçava as mangas. Escalava-as e inventava outras. Mesmo assim eu não era ambicioso, eu era sem imaginação" - (p.83).
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"Eu tinha 42 anos de silêncio a recuperar, 42 anos em que eu me calava, que guardava tudo para mim (...). Por mais incrível que isso possa lhe parecer, acho que meu mutismo é antes timidez. Não gosto de mim o bastante para dar importância às minhas palavras" - (p.85).
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"Eu não gostava daquele apartamento (...).Eu vinha naquele apartamento para dormir, e porque minha família vivia nele. Ponto" - (p.87).
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"Não queria mais que ela existisse. Não podia mais me virar para ela. Queria que ela desaparecesse num buraco de camundongo e queria desaparecer junto com ela. E quanto mais a igonorava, mais ficava apaixonado. Era exatamente como eu dizia há pouco, como uma doença. Sabe como isso acontece... Você espirra. Uma vez. Duas vezes. Você sente um arrepio e pornto. É tarde demais. O mal está feito. Ali, era a mesma coisa: eu estava preso, estava ferrado. Não havia mais esperança alguma..." - (p.112).
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"Durante alguns dias, eu tinha sido eu mesmo. Nem mais, nem menos que eu mesmo. Quando estava com ela, tinha a impressão de ser um sujeito legal...Era simples assim. Eu não sabia que podia ser um sujeito legal' - (p.120).
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"Eu estava confiante. Estava cheio de energia. Acho que estava muito feliz naquela época da minha vida porque, mesmo que não estivesse com ela, eu sabia que ela existia. já era inesperado" - (p.121).
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" - E quando tomei o avião de volta, pela primeira vez em minha vida não tive medo. Eu pensava: ele pode explodir, pode cair feito uma pedra e se arrebentar, não faz mal.
- Por que o senhor pensava isso?
- Por quê?
- É. Por quê?...Eu teria pensado o contrário...Eu teri pensado: "Agora sei realmente por que tenho medo e é melhor a porra desse avião não cair!".
- É, você tem razão. Teria sido mais esperto...Pois é, e tocamos aqui no xis do problema, eu não pensava isso. Eu devia quase até desejar que ele caísse...Minha vida teria ficado tão mais simples..." - (p.126).
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"O casamento, a família, o trabalho, os meandros da vida social, tudo. Atravessei tudo de cabeça baixa e com os dentes cerrados. Apreendi tudo com desconfiança" - (p.127-8).
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"...me achava velho. Pensava que era o fim do percurso. Um fim ensolarado...Eu pensava: "Não precipitemos nada, ela é tão jovem, ela é que irá embora primeiro", e, cada vez que a encontrava, ficava maravilhado mas surpreso também. Como? Ela ainda está aqui? Mas por quê? Eu via mal o que ela amava em mim, eu me dizia: "Pra que bagunçar tudo, já que é ela que vai me deixar?". Era obrigatório, era fatal. Não havia nenhuma razão para que ela estivesse ali na próxima vez, nenhuma razão...Afinal, eu acabava até desejando que não estivesse. Até então, a Vida tinha se encarregado tão bem de decidir tudo em meu lugar, por que haveria de mudar? Por quê? Eu havia de qualquer modo provado que não tinha jeito para assumir as coisas...Na minha profissão, sim, era um jogo e eu era o melhor, mas e quanto ao resto? Eu prefiria não decidir, preferia me consolar lembrando que não era eu quem decidia. Preferia sonhar ou lamentar. Era tão mais simples...
Minha tia-avó paterna, que era russa, sempre me dizia:
- Você é igual ao seu pai, você tem saudade das montanhas.
- De que montanhas, Mouchka? - eu perguntava.
- Ora! Daquelas que você não conheceu" - (p.148-9).
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"- Pois eu acho que a gente combina...Gosto de estar com você porque nunca me entedio. Mesmo quando a gente não se fala, mesmo quando a gente não se toca, mesmo quando não estamos no mesmo quarto, eu não me entedio. Não me entedio nunca. Acho que é porque tenho confiança em você, tenho confiança em seus pensamentos. Você pode entender isso? Tudo o que eu vejo em você, e tudo o que eu não vejo, eu amo. E no entanto eu conheço os seus defeitos. Mas justamente, tenho a impressão de que os meus defeitos combinam com as suas qualidades. Nós não temos medo das mesmas coisas. Até os nossos demônios cimbinam. Você vale mais do que mostra e comigo é o contrário. Eu preciso do seu olhar para ter um pouco mais de...matéria? Como se diz em francês? Constância? Quando se quer dizer que alguém é interessane por dentro?
- Profundidade?
- É isso! Eu sou como uma pipa, se ninguém segura o carretel, pfft, eu saio voando...E você, é engraçado, penso sempre que você é forte o bastante para me segurar e inteligente o bastante para me deixar escapulir...
- Por que você está me dizendo isso tudo?
- Quero que você saiba.
- Por que agora?
- Sei lá...Não é incrível encontrar alguém e pensar: com essa pessoa, eu estou bem.
- Mas por que você está me dizendo isso agora?
- Por que às vezes tenho a impressão que você não se dá conta da sorte que nós temos..." - (p.156-7).
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"Os olhos semicerrados e o coração saindo pela boca, eu pensava no desastre que tinha sido a minha vida. A felicidade estava ali e eu a havia deixado passar para não complicar a existência" (p.161).
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"- Será que aquela menininha teimosa não teria preferido viver com um pai mais feliz?" - (p.170).
 
(Eu a amava. Ana Gavalda. Rio de Janeiro: Record, 2002).
 
Trailer do filme baseado no livro:
 
Imagens do filme:
 
 
 


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