"Eu não perdi nada da minha identidade, a Pilar tão-pouco. Nesse sentido, somos muito respeitadores de cada um de nós em relação ao outro. Isso não quer dizer que não se aprenda com o outro, que não se transmita ao outro algo daquilo que é nosso, e não quer dizer que isso que se transmite não seja incorporado no outro. Pois se eu leio hoje um livro e se esse livro influi em mim, como é que não há de influir a pessoa com quem eu vivo um ano, dois, três, quatro, cinco, dez anos? Mas nem eu me converto no livro nem me converto na outra pessoa. Agora, que nós nos interpenetramos a toda hora com emoções, com sentimentos, com ideias, com opiniões, e tudo mais... claro. Cada um de nós é um mata-borrão, um mara borrão que vai absorvendo aquilo que encontra" (José, p. 76).
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"Não, eu não me sinto mais jovem. Hoje eu tenho oitenta e quatro anos, naquela altura eu tinha sessenta e três. Repara na diferença. Agora, aquilo que eu posso perguntar, e me pergunto muitas vezes, e para o que não tenho resposta, é que pessoa de oitenta e quatro anos eu seria hoje se não a tivesse conhecido. O problema está aí e é o que eu quis dizer com "se eu tivesse morrido antes de conhecer a Pilar, morreria muito mais velho do que serei quando isso tiver que suceder". É porque esses vinte anos não passaram em vão, não são vinte anos vividos simplesmente um atrás do outro. São vinte anos cheios de uma riqueza, de uma força, de uma intensidade...Imagine que eu não a tinha conhecido e você diz "Ah, mas teria conhecido outras mulheres". Com certeza! Mas, enfim, não é disso que se trata, não é uma questão quantitativa, saber que conheceria outras mulheres ou não conheceria nenhuma, não é isso. É simplesmente o fato de que conheci a ela, nada mais. Isso mudou a minha vida completamente" - (José, p. 79).
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"La familia es un grupo social. Y lo que decia el otro día es que, en líneas generales, es el grupo social más perverso que puede haber para el individuo" - (Pilar, p. 90).
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"No! Porque si se pudiesse morir de amor, conozco algunas personas que ya habrían muerto de amor. No. Se puede morir de desgarro, se puede morir de despecho,..De eso que hablávamos antes, de perversión, de la perversión de los sentimientos que pueden ir consumiendo, pero el amor es expansivo, lo llena todo. Creo que se vive de amor" - (Pilar, p.94).
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"...yo entiendo que la fidelidad no se pide, pero, además, tampoco se entrega. Se vive y punto. Uno la vive, y la ora parte hará lo que sea. Y uno, de lo que tiene que estar seguro es de lo que hace, y la otra parte tendrá que actuar también de acuerdo con sus principios. Y lo que puedes pedir es que cambie" - (Pilar, p. 95).
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"pues como la tienes garantizada, que dejes de pensar. O sea, la muerte es la única cosa que tenemos garantizada, así que vamos a pensar en otra cosa. Ese objetivo ya está conseguido. El objetivo de morir ya lo tenemos conseguido. Ahora vamos a conseguir el objetivo de vivir" - (Pilar, p. 201).
(In. José e Pilar. Conversas inéditas. Miguel Gonçalves Mendes. Lisboa: Quetzal, 2011).
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Documentário José e Pilar (trailer):
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