"A Pilar, que não deixou que eu morresse"
Saramago, em A viagem do Elefante
"A Pilar que ainda não tinha nascido e tanto tardou a chegar."
Saramago
"Saramago é um ser excepcional, a sua dimensão é distinta e o seu perfil não é o habitual, por isso há tanta gente que não o entende"
Pilar
É Pilar del Rio, a jornalista, espanhola de Sevilha, agora viúva de José Saramago, que conta como o conheceu e como se identificaram tanto por serem marxistas e apaixonados pela literatura. Encontraram-se pela primeira vez em 1986 e o primeiro passeio que fizeram foi ao Cemitério dos Prazeres onde visitaram o túmulo de Fernando Pessoa.
Daí em diante, a literatura se encarregou de unir os dois, um senhor e uma jovem mulher (...)
A literatura parece primar por histórias assim, aos olhos do mundo incompreensíveis, mas que a todos encantam por realizarem o mito das almas gêmeas. Casaram-se e passaram a morar inicialmente em Lisboa, onde Pilar se sentia em casa, cumprindo a passagem bíblica de “o teu povo será o meu povo, a tua casa será a minha casa”.
A literatura parece primar por histórias assim, aos olhos do mundo incompreensíveis, mas que a todos encantam por realizarem o mito das almas gêmeas. Casaram-se e passaram a morar inicialmente em Lisboa, onde Pilar se sentia em casa, cumprindo a passagem bíblica de “o teu povo será o meu povo, a tua casa será a minha casa”.
O escritor e, frise-se, também poeta, José de Souza Saramago, nascido em Azinhaga, no Ribatejo/Portugal, em 16 de novembro de 1922 e falecido em 16 de junho de 2010, em Lanzarote, _ uma ilha espanhola, nas Ilhas Canárias, onde vivia com a mulher e musa. Nobel de Literatura e Prêmio Camões, sofreu perseguições da igreja católica pelas suas declarações e posições políticas. Não negou seu ateísmo.
Casaram-se Saramago e Pilar duas vezes, uma em Lisboa, 1988, e outra em Granada, Espanha, em 2007. Viveram 22 anos em harmonia. A única filha de Saramago, do primeiro casamento, Violante, está aos 63 anos de idade, portanto à frente de Pilar.
Sobre o que mais apreciava no marido, a segura e inteligente jornalista e tradutora de sua obra, María del Pilar del Rio Sánchez, disse em entrevista:
“La coherencia que tiene. Es que no hay posibilidad de distinción entre la persona y el escritor. Es un hombre de una sola pieza y es coherente de la mañana a la noche y de la noche al día.”
Saramago não acreditava na vida eterna e sim no amor, e sobre este disse: "Nossa única defesa contra a morte é o amor". Segundo Anabela Mota Ribeiro, afirmou sobre Pilar o escritor: “mais do que um anjo, uma mulher. Podia ser qualquer outra, dirá você. Pois, mas é esta. A diferença está aí. De anjo tem muito pouco. É de carácter demasiado forte”. E foi por ela que o escritor se tornou “el hombre que paró todos sus relojes a la misma hora solo por amor”, a hora em que conheceu Pilar.
Nota-se nas leituras sobre este tema que não era um amor espetacular, no sentido de show, mas um amor grandioso, moderno. Saramago, como vimos, frisou do caráter firme da sua mulher e não a compararia a um anjo, mas a uma mulher mesmo.
Fonte: http://recantodasletras.uol.com.br/homenagens/2328303
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