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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Medo - Marilena Chauí ( trechos)

Uma paixão é mais forte do que outra quando aumenta a capacidade de existir de nosso corpo e de nossa alma.


A liberdade nasce desse e nesse movimento de passagem das paixões tristes às alegres e das paixões de alegria às ações suscitadas pelo desejo e pela alegria. Passagem da heteronomia à autonomia, a perfeição ou realidade é o fortalecimento da força do corpo (imaginar sem tristeza) e da alma (pensar sem tristeza), à medida que nosso corpo torna-se capaz de múltiplas afecções simultâneas e nossa alma capaz de múltiplas idéias simultâneas, conhecendo a necessidade interna que as articula. Capacidade para o múltiplo simultâneo, a liberdade é força para coexistirmos com os demais seres humanos e com a Natureza, sem sermos por eles subjugados e sem precisarmos subjugá-los para viver. (...)

A liberdade, força para o plural simultâneo, é presença a si e aos outros sem o medo da morte recíproca.

(In: Os sentidos da Paixão, Org. Adauto Novaes, 2009, 58p)

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