"A verdadeira técnica da psicanálise requer que o médico suprima sua curiosidade, deixe ao paciente liberdade total para escolher a ordem na qual os tópicos sucederão um ao outro durante o tratamento".
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"Não estamos acostumados a sentir fortes afetos, sem que eles tenham algum conteúdo ideativo; e, portanto, se falta o conteúdo, apoderamo-nos, como um substituto, de algum outroconteúdo que seja, de uma ou de outra forma, apropriado, com a mesma intensidade com que a nossa polícia, não podendo agarrar o assassino certo, prende, em seu lugar, uma pessoa errada. Além disso, o fato de existir uma falsa conexão é o único meio de se responder pela impotência dos processos lógicos para combater a idéia atormentadora" (p.157).
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"Fiz então algumas pequenas observações sobre as diferenças psicológicas entre o consciente e o inconsciente, e sobre o fato de que toda coisa consciente estava sujeita a um processo de desgaste, ao passo que aquilo que era inconsciente era realmente imutável; e ilustrei meus comentários indicando as antiguidades que se encontravam ao redor, na minha sala. Era, com efeito, disse eu, apenas objetos achados num túmulo, e o enterramento deles tinha sido o meio de sua preservação: a destruição de Pompéia só estava começando agora que ela fora desenterrada" (p.157).
"O homem que simplesmente rompe com uma lei externa muitas vezes se vê como um herói" (p.158).
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"As idéias obecessivas mais rudimentares e mais excêntricas podem ser esclarecidas, se investigadas com suficiente profundidade. A solução se dá ao se elevar as idéias obcessivas a uma relação temporal com as experiências do paciente, quer dizer, ao se indagar quando foi que uma idéia obcessiva particular fez sua primeira aparição e em que circunstâncias externas ela está apta a voltar a ocorrer" (p.165).
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"A relação entre a idéia compulsiva e a vida do paciente está contida nas palavras iniciais da sua história" (p.166)
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"As precondições infantis da neurosepodem ser colhidas pela amnésia, embora estas, muitas vezes, seja parcial; mas, pelo contrário, os motivos imediatos da doença são retidos na memória. A repressão utiliza-se de outro mecanismo, que, na realidade, é mais simples. O trauma, em lugar de ser esquecido, é destituído de sua catexia afetiva, de modo que, na consciência, nada mais resta senão o seu conteúdo ideativo, o qual é inteiramente desinteressante e considerado sem importância" (p.172).
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"Por esse motivo, ocorre, com alguma regularidade, que os neuróticos obcessivos, perturbados com autocensuras, mas havendo ligado seus afetos com causas errôneas, contam também ao médico as causas verdadeiras, sem qualquer desconfiança de que as suas autocensuras ficaram simplesmente separadas delas" (p.173).
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"Os resultados científicos da psicanálise são, presentemente, apenas um co-produto de seus objetivos terapêuticos, e por esse motivo é, com frequência, exatamente nos casos em que o tratamento falha que muitas descobertas são feitas" (p.181).
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"Durante o processo de uma psicanálise, não é apenas o paciente que ganha coragem, mas também sua doença; esta se atreve o suficiente para falar com maior clareza do que antes" (p.194).
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"Os pensamentos obcessivos sofrem uma deformação semelhante àquela pela qual os pensamentos oníricos passam antes de se tornarem o conteúdo manifesto de um sonho" (p.196)
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"A criação da incerteza é um dos métodos utilizados pela neurose a fim de atrair o paciente para fora da realidade e isolá-lo do mundo - o que é uma das tendências de qualquer distúrbio psiconeurótico" (p.201).
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"A predileção dos neuróticos obcessivos pela incerteza e pela dúvida leva-os a orientar seus pensamentos de preferência para aqueles temas perante os quais toda a humanidade está incerta e nossos conhecimentos e julgamentos necessariamente expostos a dúvida. Os principais temas dessa natureza são paternidade, duração da vida, vida após a morte e memória - na qual todos nós costumamos acreditar, sem possuirmos a menor garantia de sua fidedignidade" (p.202).
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"A sua característica essencial reside no fato de eles serem incapazes de chegar a uma decisão, especialmente em matéria de amor; esforçam-se por protelar qualquer decisão e, na dúvida de saberem por qual pessoa vão se decidir ou que medidas adotarão contra alguma pessoa, obrigam-se a eleger como modelo o velho tribunal de justiça alemão, no qual os processos se encerravam, de praxe, antes de serem julgados, com a morte das partes em litígio" (p.205).
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"Um homem que duvida de seu próprio amor permite-se, ou, antes, tem de duvidar de alguma coisa de menor valor" (p.209).
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"Um homem que duvida de seu próprio amor permite-se, ou, antes, tem de duvidar de alguma coisa de menor valor" (p.209).
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