"Reitler parece ter uma visão muito antropomórfica do modo como a natureza persegue sua meta, como se nela se tratasse da realização coerente de uma única intenção, a exemplo das obras humanas. Pelo que vemos, no entanto, em geral há uma série de objetivos que correm paralelamente nos processos naturais, sem excluírem uns aos outros. Se é para falarmos da natureza em termos humanos, devemos dizer que ela nos parece ser aquilo que, em relação a uma pessoa, chamaríamos de incoerente. Acho que Reitler não deveria dar tanto peso a seus argumentos teleológicos. O emprego da teleologia como hipótese heurística tem suas dificuldades; nunca sabemos, em casos particulares, se deparamos com uma "harmonia" ou com uma "desarmonia". è como quando se coloca um prego numa parede; não sabemos se topamos com um tijolo ou uma concavidade".
(Debate sobre a masturbação (1912). In: Obras completas, v.10. São Paulo: Companhia das Letras, 2010 [1911-1913], p.245-6).
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