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sábado, 22 de janeiro de 2011

Soneto VII - Fagundes Varela

Ah! Quando face a face te contemplo
E me queimo na luz do teu olhar
E no mar de tu´alma afogo a minha
E escuto-te a falar.

Quando bebo no teu hálito mais puro
Que o bafejo inefável das esferas
E miro os róseos lábios que aviventam
Imortais primaveras.

Tenho medo de ti! Sim, tenho medo
Porque pressinto as garras da loucura
E me arrefeço aos gelos do ateísmo
Soberba criatura!

Oh! Eu te adoro como adoro a noite
Por alto mar sem luz, sem claridade
Entre as refegas do tufão bravio
Vingando a imensidade!

Como adoro as florestas primitivas
Que aos céus levantam perenais folhagens
Onde se embalam nos coqueiros presas
As redes dos selvagens!

Como adoro os desertos e as tormentas
O mistério do abismo e a paz dos ermos
E a poeira dos mundos que prateia
A abóbada sem termos!

Como tudo que é vasto, eterno e belo
Tudo o que traz de Deus o nome escrito!
Como a vida sem fim que além me espera
No seio do infinito!


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