"Acaricia-me com esta nobre ternura que só em ti encontrei".
Um homem caminha.
Não sei o que veste, nem o que lhe vai na cabeça.
Sei da cadência de seus passos - que o deixa ofegante - capaz de conduzí-lo ao infinito...
Estará o suor a atravessar o seu corpo, ou o vento a brincar com seus cabelos?
Do oceano de seus olhos, das cerejas de seus lábios, e da alva seda que reveste a sua alma, disso sei.
O homem esbarra em alguém ao acaso; polidamente pede desculpas. A rua que pretende seguir quase lhe escapa, mas em tempo ele ergue o olhar, e se localiza.
O que pretende fazer, onde quer chegar?
Fosse nos primórdios da História, estaria ele a caçar um gigante com seus instrumentos de pedra talhada.
Hoje ele luta com a monstruosa rotina, e munido de seu ouro, prêmio muito aquém de suas vitórias, vai ao supermercado.
Tanta angústia, melancolia, loucura...lidou com os controversos desejos do sujeito faltante, enfrentou até mesmo a ira dos deuses com suas impiedosas tempestades...
Há de se pensar que do supermercado o homem trará algo para celebrar o seu dia de descanso, entretanto, trata-se de um ingrediente caro, parte de um prato elaborado, do qual não tomará parte.
"- Então vais comer isso? Que chique!
- Não, eu não como. É para minha família. Na hora, como outra coisa.
- E o que faço para te alimentar?"
Angustia-me pensar na possibilidade do prazer desempenhando papel coadjuvante em tua vida...
Que faço para te alimentar, meu nobre cavaleiro errante?
Se pudesse roubar o Céu, e estendê-lo sobre a Terra para que pousasses teus pés, eu o faria.
Que faço para alimentar tua alma, tal como alimentas a minha com teu sorriso?
Em meu coração, o desejo da tua felicidade reinará para sempre soberano.
lindo demais!
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